Espero dar um "ippon" na ideologia e na violência, diz Bolsonaro

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

Depois de ganhar a faixa preta de jíu-jitsu em cerimônia simbólica nesta quinta-feira (25), o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) declarou que, se for eleito no próximo domingo (28), espera dar um "ippon" na ideologia, em referência ao golpe "perfeito" das artes maciais.

"Todos nós, cidadãos de bem, temos um compromisso com a nossa pátria. Alguns pela profissão que abraçou [sic], até mesmo jurou dar sua vida por ela", discursou Bolsonaro, agradecendo o que chamou de "honraria" concedida pelos lutadores Robson Carlos Gracie e Austregeslio de Athayde.

"Caso essa seja a vontade de Deus no próximo domingo e eu venha a ganhar as eleições, eu espero, a partir do ano que vem, como presidente da República e como chefe supremo das Forças Armadas, dar um ippon na corrupção, na violência e na ideologia", declarou o candidato, que foi aplaudido por aliados e pela dupla.

O ato ocorreu na sala da casa do empresário Paulo Marinho, suplente do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), um dos filhos do presidenciável. O estúdio de gravação e produção dos programas eleitorais de Bolsonaro no segundo turno foi montado no local.

O candidato, que é formado em educação física e capitão da reserva do Exército, recebeu a faixa ao lado do advogado e presidente em exercício do PSL, Gustavo Bebianno, que é praticante de jíu-jitsu.

Em entrevista coletiva após a cerimônia, Bolsonaro explicou que se referiu à ideologia nas salas de aula, que segundo ele são centros de "formação de militantes". Ele voltou a defender o projeto Escola Sem Partido.

"Quais são as máximas nas escolas públicas? É a formação de militantes. Nós queremos uma escola sem partido. Não é você não discutir política. Você pode discutir política, mas não pode um aluno ao ter uma posição diferente do professor simplesmente ter uma nota rebaixada ou ser reprovado de ano. Essa ideologia tem que deixar de existir em nosso Brasil", declarou.

Bolsonaro falou com a imprensa por pouco mais de dez minutos e negou qualquer possibilidade de declarar guerra à Venezuela e deixou em aberto a possibilidade de voltar atrás na promessa de fundir os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente.

Ao final da entrevista, ele afirmou que vai, sim, votar no domingo. Na terça, Bebianno disse que havia a possibilidade de o presidenciável ficar em casa por questões de segurança.

Beijaço gay

Ao fim da entrevista, um repórter perguntou se ele sabia que ativistas haviam convocado um "beijaço gay" para o domingo na frente da sua casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro.

"Você pode ir lá. Com toda certeza você vai fazer sucesso", rebateu o presidenciável, rindo. Ainda em tom descontraído, ele apontou para o jornalista e desejou um "bom beijaço lá", enquanto era escoltado por policiais federais que faziam sua segurança. Até o início da noite desta quinta, quase seis mil usuários haviam confirmado presença no evento, no Facebook.

Antes, Bolsonaro foi questionado ainda sobre a preocupação de grupos minoritários como a comunidade LGBT com a sua possível eleição e se tinha "alguma palavra tranquilizadora" para eles.

"O Estado não tem nada a ver com a opção sexual de quem quer que seja. Ponto final. Aqui deve ter algum homossexual. O que é que eu tenho contra vocês? Nada", respondeu Bolsonaro a dezenas de jornalistas que se aglomeraram na espaçosa sala do imóvel.

"A minha luta é contra o material escolar, não interessa se é homo ou é hétero, para criancinha a partir de seis anos de idade. Quem trata de sexo é o papai ou a mãe, e ponto final", continuou o candidato.

"Quiseram implementar isso no final de 2010. Me insurgi, com palavras muitas vezes não muito polidas, mas em grande parte atingi o meu objetivo", concluiu, referindo-se ao que batizou de "kit gay" --que não existiu nos termos apontados pelo deputado federal.

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