Filho de Herzog cita ditadura e diz que discurso de Bolsonaro é "criminoso"

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, divulgou nas suas redes sociais um vídeo em que Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir  Herzog, morto pela ditadura militar em 1975 nas dependências do DOI-Codi, em São Paulo, fala das torturas sofridas pelo pai e chama de "criminoso" o discurso de Jair Bolsonaro (PSL) de apologia à ditadura e à tortura.

O vídeo foi publicado no dia que marca os 43 anos do assassinato de Vladimir Herzog pelo governo militar.

"Ele é um criminoso pelo que ele fala, esse crime está previsto no Código Penal Brasileiro. Ele é um criminoso. Isso não é fake news, são discursos dele. Estão na televisão, estão no Youtube", disse o filho do jornalista.

No vídeo, a fala de Ivo vem intercalada por trechos de declarações dadas por Bolsonaro em ocasiões diferentes. Numa delas, em entrevista em 1999, o deputado declarou que era preciso fazer "um trabalho que o regime militar não fez, matando uns 30 mil".

Em outra situação exibida no vídeo, durante ato de campanha em setembro de 2018 no no Acre, Bolsonaro falou que iria "fuzilar a petralhada". O último trecho é de discurso do candidato no último domingo (28), uma semana antes do segundo turno, em que ele disse que "esses marginais vermelhos serão banidos de nossa pátria".

O vídeo começa com Ivo fala das torturas que o pai, então diretor da TV Cultura, sofreu. "Meu pai foi morto a partir de torturas muito violentas. Não gosto de entrar em detalhes disso aí, mas com afogamentos, pau-de-arara, choques elétricos", conta.

Herzog morreu horas depois de chegar voluntariamente à sede do DOI-Codi para prestar depoimento. À época, o governo militar afirmou que Herzog havia se suicidado. A foto do corpo dele pendurado na cela é considerada uma das mais icônicas sobre o regime militar brasileiro.

Ivo diz ainda que o pai foi morto apesar de nunca ter participado da luta armada e de sempre ter sido contra "qualquer forma de violência". "No regime de ditadura, qualquer um de nós poderia morrer, a qualquer momento ser sequestrado pela polícia secreta do DOI-Codi, do governo militar, e desaparecer ou serem assassinados após tortura", disse.

"Como uma pessoa pode desejar para a outra a morte? Queria saber em que religião que fala que a gente tem que eliminar o próximo, que a gente tem que odiar o próximo, que a gente tem que ver o outro com diferença?", questiona Ivo.

A postagem de Haddad lembra os 43 anos da morte de Herzog e pede: "Ditadura nunca mais".

Na peça divulgada por Haddad, a campanha volta a mencionar a ditadura militar e o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, trazendo trecho do voto de Bolsonaro no impeachment de Dilma Rousseff, quando ele homenageou o torturador. O vídeo foi veiculado um dia após o ministro Luís Felipe Salomão, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atender um pedido da campanha de Bolsonaro e suspender uma inserção do candidato do PT sobre os dois temas

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