Com votação recorde para o PT, Nordeste deu 43% do total de votos de Haddad

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

  • BOBBY FABISAK/JC IMAGEM/ESTADÃO CONTEÚDO

    Haddad participa de ato de campanha em Recife, onde teve mais de 52% dos votos

    Haddad participa de ato de campanha em Recife, onde teve mais de 52% dos votos

O Nordeste brasileiro deu uma votação recorde ao PT no segundo turno das eleições presidenciais em 2018. De acordo dados totalizados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram 20,28 milhões do total de pouco mais de 47 milhões de votos que Fernando Haddad recebeu neste domingo (28).

Até então, a maior votação petista tinha sido dada em 2014, quando 20,17 milhões de nordestinos votaram em Dilma Rousseff no segundo turno. Apesar disso, em percentual de votos válidos, a vantagem petista em relação ao segundo colocado foi a menor desde 2006, com 68% dos votos válidos para Haddad. Isso pode ser explicado pelo crescimento do eleitorado no período e o maior comparecimento às urnas neste ano.

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A maior vitória proporcional na região veio do Piauí, onde o petista Fernando Haddad teve 77% dos votos válidos. A menor foi em Alagoas, com 59,9%. Entre as capitais, Haddad venceu em seis e perdeu em três (João Pessoa, Maceió e Natal).

Outro dado marcante na eleição foi o crescimento do percentual da importância do Nordeste no total de votos. A região, em 2018, foi responsável por 43% de todos os votos de Haddad no país.

A importância da região para a votação petista vem crescendo eleição após eleição, depois que o PT chegou ao poder. Em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa, o Nordeste representou 25% do total de votos petistas no país. O percentual subiu para 33% nas eleições de 2006 e 2010 e alcançou 37% em 2014, com a reeleição de Dilma Rousseff.

Lulismo forte, mas...

O cientista político Adriano Oliveira, da UFPE (Unvirsidade Federal de Pernambuco), afirma que a força do PT na região deve ser um dos maiores desafios de Bolsonaro à frente da Presidência.

Ele [Bolsonaro] terá de dialogar com governadores e eleitores da região."

Adriano Oliveira, cientista político da UFPE

Para Oliveira, a expressiva votação no Nordeste é resultado direto do lulismo muito forte na região, graças à melhoria da economia da região nos últimos anos.

"Há identidade com o ex-presidente, uma relação simbólica de empatia aos nordestinos. Também existe receio de perdas [com outro candidato], mas há também saudade da era Lula, do consumo, dos aumentos de salário, assim como há uma gratidão e temor do abandono da região", aponta.

Para o cientista político Wagner Cabral, da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), entretanto, apesar do lulismo forte no Nordeste, a candidatura de Haddad obteve apoio considerável de outros setores na reta final.

Além do lulismo, nesse segundo turno, tivemos a defesa da democracia como um ponto-chave contra a candidatura vitoriosa nacionalmente."

Wagner Cabral, cientista político da UFMA

Para Cabral, o cenário que parece se desenhar para o PT, é insistir ainda mais no "mito Lula". "É uma aposta política que se revelou um desastre do ponto de vista eleitoral, mas que foi aplaudida pelos petistas como mais uma 'sacada genial' de Lula -- quando arrastou sua suposta candidatura até o último segundo, para só então lançar o Haddad", diz.

"Essa insistência inviabilizou uma frente de esquerda na prática, tanto que Ciro foi passear na Europa, depois do PT ter inviabilizado o apoio do PSB e de outros partidos a ele", completou.

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