Temer diz que transição focará em reforma e pede que oposição não atrapalhe

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo

    Temer durante uma homenagem recebida do setor sucroalcoleiro em São Paulo

    Temer durante uma homenagem recebida do setor sucroalcoleiro em São Paulo

O presidente Michel Temer (MDB) afirmou nesta segunda-feira (29) que a transição de governo com a equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) vai enfatizar a necessidade de reformas como a da Previdência --a qual, segundo o emedebista, "saiu momentaneamente da agenda legislativa, mas não da agenda política do país".

"Estamos com tudo formatado para que o próximo governo receba tudo o que nós realizamos e vamos insistir para que haja continuidade, declarou Temer durante uma homenagem recebida por ele e por ministros como Blairo Maggi (Agricultura) e Moreira Franco (de Minas e Energia) do setor sucroalcoleiro em São Paulo.

"Determinarei à equipe de transição que o próximo governo deve continuar a prestigiar o setor de biocombustíveis, como nós prestigiamos", completou o presidente a uma plateia composta por empresários representantes do setor.

Temer afirmou ter feito um cálculo de que restam ainda a seu governo 1.600 horas de trabalho e ponderou que, a partir de hoje, o país entra "em momento político administrativo" no qual há "obrigações impostas aos eleitos e os não eleitos".

"É fundamental que haja oposição", defendeu o emedebista, que sofreu forte oposição do PT e de segmentos sociais após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Por outro lado, defendeu que esse tipo de posicionamento não inviabilize o governo eleito. "Mas a minoria não pode atrapalhar [o governo eleito]. É fundamental que a oposição ajude a fiscalizar. Oposição não pode ter um significado político", enfatizou.

"Se perder a eleição, meu dever é destruir o governo eleito? Esse não é o significado jurídico de oposição", disse.

"Na democracia, você tem atos de governo que podem ser contestados, e atos de estado, como a reforma da Previdência, que beneficiam quem está no governo e quem eventualmente, em outros momentos, pode estar no poder", declarou.

Sem citar nominalmente o presidente eleito, Temer defendeu que haja "diálogo com a sociedade" a fim de que medidas como as reformas sejam implementadas. No caso da reforma da Previdência, no entanto, o presidente atribuiu o fracasso na aprovação a uma "trama monumental" contrária à medida.

"Estávamos aparelhados para fazer a reforma da Previdência, a maior geradora de déficit país. Quando já estávamos aparelhados política e economicamente, houve uma trama monumental para que não pudéssemos aprovar. Ela saiu da pauta legislativa", justificou.

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Aliados de Bolsonaro rejeitam proposta de Temer

Em entrevista ao UOL, porém, Major Olimpio (PSL), senador eleito pelo estado de São Paulo e pessoa próxima a Bolsonaro, disse que a reforma da Previdência não passa do jeito que está.

"A PEC 287 foi e será rejeitada. O novo projeto de Previdência, que tem um amadurecimento e uma discussão, tenho certeza que vai chegar a um consenso e ele vai ser aprovado", disse Olimpio

O deputado federal e futuro ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) adotou um discurso parecido com o de Olimpio e descartou usar a reforma previdenciária do governo Temer. Onyx disse que o projeto em discussão na Câmara dos Deputados é uma espécie de "remendo". "Queremos um projeto de longo prazo, para cerca de 30 anos", frisou.

Ele disse que a futura reforma da Previdência irá separar as despesas com benefícios previdenciários e com assistência social. Além disso, terá de durar um prazo longo e, portanto, maior do que a PEC da Previdência que tramita atualmente no Congresso.

"Temos de separar Previdência da Assistência Social, isso é unanimidade", afirmou.

Lorenzoni relatou que não houve nenhuma tratativa para usar proposta da reforma da Previdência do governo Temer. A possibilidade é defendida pela equipe econômica do governo do emedebista, como o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, e o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida.

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