Campanha de Haddad se reorganiza para enfrentar Bolsonaro
Depois de chegar ao segundo turno com o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, em uma votação difícil, a campanha do petista Fernando Haddad começa a se reorganizar para reagrupar apoios, agregar novos nomes à coordenação política e mexer no discurso para enfrentar o ex-capitão do Exército, que abriu 17 pontos de vantagem na votação deste domingo (7).
Nos próximos três dias, o partido começa uma séria de reuniões que devem mexer na comunicação do candidato e no comando da campanha para tentar reverter a vitória de Bolsonaro nas próximas três semanas.
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Já nesta segunda-feira, o ex-ministro Jaques Wagner, que se elegeu senador pela Bahia, chega a São Paulo para se integrar ao comando da campanha. Considerado um hábil negociar, Wagner foi escalado para começar as conversas com outros partidos e tentar atrair apoios formais a Haddad.
Neste domingo, o próprio candidato ligou para Ciro Gomes (PDT), terceiro colocado na disputa, e Guilherme Boulos (PSOL), além de ter recebido um telefonema de Marina Silva (Rede), quando se preparava para lhe telefonar. No entanto, a soma dos candidatos de centro-esquerda -mesmo acrescidos do PSB, que tende a declarar apoio a Haddad- não chega ao necessário para bater Bolsonaro.
Um dos coordenadores da campanha de Haddad, o deputado federal Emídio de Souza (SP), afirma que a prioridade é o campo de centro-esquerda e "juntar o campo democrático", mas admitiu que o PT vai começar a telefonar para presidentes de outros partidos políticos.
"Acordos partidários vão ter que ser pensados", disse.
Emídio avalia que o movimento das últimas 48 horas foi muito forte e "ter resistido a ele e ter chegado no segundo turno foi importante". "Tem um recado claro aí das urnas", afirmou.
"Mais Haddad, menos Lula"
A mudança, no entanto, vai além de tentar ampliar as negociações para formar, como disse o próprio Haddad, uma frente democrática. Parte da coligação quer dar mais voz ao candidato, e ter "mais Haddad e menos Lula", como disse à Reuters uma fonte que participa do conselho político da campanha.
Um grupo petista resiste à ideia de deixar o ex-presidente, preso em Curitiba, em segundo plano. O fato de Haddad ter perdido um percentual de votos para Bolsonaro na Região Nordeste, fortalece a ideia de que Lula ainda pode ter peso na campanha.
No entanto, um grupo que cresce defende que Haddad precisa tomar controle da campanha e caminhar para o centro democrático e se colocar como uma alternativa clara a uma candidatura "pouco democrática" como Bolsonaro.
Ainda assim, Haddad irá nesta segunda-feira, como primeiro ato depois do primeiro turno, visitar Lula em Curitiba, onde o ex-presidente está preso desde o dia 7 de abril, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Sua primeira entrevista como candidato no turno deverá ser feita em frente à Superintendência da Polícia Federal.
Novos nomes devem se agregar à coordenação, como o de Wagner, que tende a se alinhar com uma proposta mais moderada.
O partido deve investir ainda em uma atuação mais forte nas redes sociais. Na reta final, a quantidade de notícias falsas usada contra a campanha de Haddad cresceu exponencialmente e a avaliação na campanha é que o partido reagiu tarde. Apenas na última semana.
"Vamos mudar nossa política de rede. Teve uma disseminação de fake news absurda. O TSE não agiu para combater", disse Emídio.
Haddad enfrentará fantasma de Lula; Bolsonaro, do autoritarismo
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