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Prefeitura de SP quer trocar nomes de 17 vias que homenageiam a ditadura

Elevado Costa e Silva, chamado de Minhocão, é um dos nomes que pode mudar - Flávio Florido/Folha Imagem
Elevado Costa e Silva, chamado de Minhocão, é um dos nomes que pode mudar Imagem: Flávio Florido/Folha Imagem

Do UOL, em São Paulo

29/07/2015 19h06

A Prefeitura de São Paulo quer modificar 17 nomes de vias que homenageiam a ditadura (1964-1985) ou pessoas vinculadas à repressão praticada naquele período. A lista foi elaborada pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania. Os primeiros nomes que podem ser alterados são a avenida Golbery do Couto e Silva, no Grajaú, na zona sul, e o viaduto 31 de março, no Centro.

Encontros com moradores resultaram na elaboração de um projeto de lei participativo que propõe a mudança da avenida Golbery para padre Giuseppe Pegoraro, religioso vinculado à história do bairro. A proposta já tramita na Câmara.

General do Exército, Golbery foi um dos ideólogos do movimento que resultou no golpe de 1964 que instalou o regime ditatorial marcado. De 1964 a 1967, chefiou o SNI (Serviço Nacional de Informação), órgão de inteligência que fundamentava perseguições políticas, torturas e execuções.

O viaduto 31 de março lembra a data da deposição do presidente João Goulart e do início da ditadura que vigorou por 21 anos. O projeto de lei que prevê a mudança do nome do viaduto será enviado à Câmara em 13 de agosto. A prefeitura quer que ele passe a se chamar Thereza Zerbini, líder do Movimento Feminino pela Anistia, grupo de defesa de perseguidos pela ditadura.

No próximo dia 13, a administração municipal também enviará à Câmara um projeto de lei para impedir novas homenagens a figuras relacionadas à violação de direitos humanos.

A maioria dos nomes relacionados pela prefeitura foi citada no relatório da Comissão Nacional da Verdade, que investigou violações praticadas na ditadura. A iniciativa de mudá-los segue recomendações da comissão e do Programa Nacional de Direitos Humanos. Em todos os casos, a administração municipal pretende buscar o apoio dos moradores das vias e ouvir deles sugestões para os novos nomes.

Antes da prefeitura, vereadores propuseram retirar homenagens feitas a figuras relacionadas à ditadura. Existem, por exemplo, as propostas de mudar o nome do elevado Costa Silva para Minhocão, como ele é popularmente conhecido, e a rua Sergio Fleury para Frei Tito. 

Os nomes das vias que a prefeitura quer mudar

  • Elevado Costa e Silva

    Marechal do Exército, atuou no movimento que instaurou a ditadura em 1964. Foi presidente entre 1967 e 1969. Em 13 de dezembro de 1968, promulgou o AI-5, ato institucional que agravou a repressão e a cassação dos direitos civis e políticos. O elevado fica na zona oeste. Leia mais

  • Avenida Presidente Castelo Branco

    Atuou no movimento que depôs o presidente João Goulart e foi o primeiro presidente da ditadura, entre 1964 e 1967. Castelo Branco é um dos nomes da marginal Tietê. Leia mais

  • Avenida General Golbery Couto e Silva

    General do Exército, foi um dos ideólogos do movimento que resultou no golpe de 1964. Daquele ano até 1967, chefiou o SNI (Serviço Nacional de Informação), órgão de inteligência que fundamentava perseguições políticas, torturas e execuções. A via fica no Grajaú, na zona sul. Leia mais

  • Praça Augusto Rademaker Grunewald

    Almirante da Marinha, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964. Foi vice-presidente entre 1969 e 1974, período mais intenso de repressão, censura e cassação de direitos civis e políticos. A praça fica no Itaim Bibi, na zona oeste. Leia mais

  • Praça General Milton Tavares de Souza

    General do exército, dirigiu a operação Marajoara na fase final de extermínio da Guerrilha do Araguaia, quando houve o desaparecimento forçado e a ocultação dos cadáveres de guerrilheiros. A praça se situa na Vila Maria, na zona norte.

  • Avenida General Ênio Pimentel da Silveira

    General do Exército, foi comandante da 1ª companhia de Polícia do Exército, na Vila Militar do Rio de Janeiro, de maio de 1968 a julho de 1971, período em que morreram na unidade, sob tortura, Severino Viana e Chael Charles Schreier. Serviu no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) do I Exército de abril de 1972 a junho de 1974. Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e desaparecimento forçado. A avenida fica no Campo Limpo, na zona sul.

  • Rua Délio Jardim de Matos

    Comandante da Aeronáutica, foi um dos articuladores do movimento que promoveu o golpe de 1964. Integrou o gabinete militar da Presidência da República entre 1964 e 1967 e foi ministro da Aeronáutica entre 1979 e 1984. A via fica no bairro Campo Grande, na zona sul.

  • Rua Sérgio Fleury

    Delegado, serviu no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) e no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime). Teve participação comprovada em casos de tortura, execução e outras violações aos Direitos Humanos. Foi acusado pelo Ministério Público de liderar o Esquadrão da Morte, grupo de extermínio. A via fica na Vila Leopoldina, na zona oeste. Leia mais

  • Rua Octávio Gonçalves Moreira Junior

    Delegado de Polícia, serviu no Dops (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo) e no Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna). Teve participação em casos de tortura e ocultação de cadáveres. Foi morto em 1973 por opositores da ditadura. A rua fica no Rio Pequeno, bairro da zona oeste.

  • Rua Alcides Cintra Bueno Filho

    Policial e delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo) durante a ditadura, colaborou no encobrimento de casos de tortura, execução e ocultação de cadáveres. A via fica em Santana, na zona norte.

  • Rua Mário Santalucia

    Médico-legista do IML (Instituto Médico Legal) do Estado de São Paulo, teve participação em caso de emissão de laudo necroscópico fraudulento. A via fica no Tucuruvi, na zona norte.

  • Rua Hely Lopes de Meirelles

    Juiz e advogado, comandou a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo durante a ditadura. Conduziu o delegado Sérgio Fleury ao comando do Dops, responsável por torturas e assassinatos de presos políticos. A rua fica no Tatuapé, na zona leste.

  • Rua Henning Boilesen

    Dinamarquês, dono da Ultragás, foi um dos principais empresários a financiar a Oban (Operação Bandeirantes), aparato de repressão a presos políticos durante a ditadura. Visitava o Doi-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) e foi homenageado por torturados que passaram a chamar um dos mais violentos instrumentos de tortura de "pianola Boilesen". Em 1971, foi morto por opositores do regime. A via fica no Butantã, na zona oeste. Leia mais

  • Rua Senador Filinto Müller

    Senador por quatro vezes entre 1947 e 1973, foi Chefe da Polícia Política durante o Estado Novo, instaurado pela ditadura de Getúlio Vargas, quando participou de operações para capturar líderes da oposição, como Luís Carlos Prestes e sua companheira, Olga Benário, extraditada e assassinada pelo regime nazista. Foi presidente da Arena, partido de sustentação da ditadura. A rua fica no Parque São Rafael, na zona leste. Leia mais

  • Rua Olímpio Mourão Filho

    General do Exército, atuou no movimento que instaurou o regime ditatorial em 1964. De 1967 a 1969, foi presidente do Superior Tribunal Militar, responsável pelo julgamento de presos políticos. É outra rua que fica no Rio Pequeno, zona oeste.

  • Viaduto 31 de março

    Data da deposição do presidente João Goulart e do início da ditadura que vigorou por 21 anos. O viaduto fica no Centro. Leia mais

  • Rua 31 de março

    Data da deposição do presidente João Goulart e do início da ditadura que vigorou por 21 anos. A via fica no Morumbi, na zona oeste. Leia mais