Crise mundial tem impacto positivo no Pólo Industrial de Manaus, avalia pesquisador
A crise econômica mundial apresenta um lado positivo para as empresas do Pólo Industrial de Manaus (PIM). Segundo o coordenador-geral de Estudos Econômicos e Empresariais da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), José Alberto Costa Machado, o aumento do dólar, um dos efeitos da crise, colocou a produção do pólo industrial num cenário de maior competitividade, uma vez que equiparou os preços dos produtos da região aos dos artigos importados, sobretudo, os provenientes dos países asiáticos e que são vendidos no Brasil por preços menores do que os dos artigos nacionais.
"O produto importado, que concorre diretamente conosco no mercado nacional, ficou mais caro com a alta do dólar. Com o dólar e os importados da Ásia mais caros, o comércio da produção nacional ganhou mais espaço e força", explicou.
Por enquanto, nem a falência de tradicionais bancos norte-americanos nem a preocupação do governo federal com uma possível escassez de crédito abalaram as empresas instaladas na cidade e que recebem os incentivos fiscais concedidos pela Zona Franca de Manaus. De acordo com Machado, a estabilidade do pólo industrial ainda se deve ao destino de seus produtos, que são em grande maioria absorvidos pelo mercado latino-americano - que também não sofre impactos negativos em decorrência do momento econômico por que passam Estados Unidos e Europa
Pelo menos até dezembro, as empresas trabalham normalmente para produzir as encomendas recebidas e contam com o estoque de matéria-prima para atender à demanda nos últimos meses de 2008.
Machado pondera que, se a crise perdurar, a partir de janeiro ou fevereiro de 2009, pode ocorrer um redirecionamento das exportações asiáticas, dos Estados Unidos e Europa - hoje seus principais compradores - para países mais estabilizados e com maior capacidade de absorção dos seus produtos, como o Brasil.
Essa possível situação, na avaliação do coordenador-geral, merece cuidado e atenção. "Como os produtos chineses competem diretamente com os produtos do PIM, esse redirecionamento vai requerer do nosso país um acompanhamento cuidadoso", acrescentou.
Na opinião do diretor executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Ronaldo Mota, apesar da possibilidade de redirecionamento das exportações chinesas para o Brasil, é preciso considerar as variáveis envolvidas nesse processo, como o valor do dólar.
"A China hoje exporta todo tipo de produto para o Brasil. Não vai ser agora que a competitividade vai se acirrar, com essa crise. Pode até ser que haja uma investida maior dos produtos chineses no Brasil mas com o dólar mais caro, o produto deles também ficará mais caro em nosso país."
Para Mota, existem outros aspectos relacionados à inserção dos produtos asiáticos no Brasil que merecem atenção. Ele reclamou de desigualdades não-tarifárias que colocam os produtos asiáticos em vantagem diante dos artigos nacionais.
"O que temos reclamado é que o Brasil não aplica aos produtos chineses o que tem aplicado às mercadorias de fabricação nacional, ou seja, as barreiras não-tarifárias. Todo produto nacional, por exemplo, tem que ter o selo do Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial]. Essa exigência não existe para os produtos chineses, que também deveriam ter um selo e ter que passar por um padrão de qualidade", reclamou.
"Não raro, encontramos vários produtos asiáticos sem a menor qualidade e feitos com materiais que podem prejudicar, por exemplo, a saúde de crianças. Essas barreiras, que não necessariamente as tarifárias, precisam valer também para os produtos que entram no nosso país para proteger a população", complementou.
Outro lado da questão
A crise financeira internacional não tem, de imediato, nenhum impacto sobre o destino dos produtos fabricados em Manaus, na avaliação do diretor executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Ronaldo Mota
Por enquanto, nem a falência de tradicionais bancos norte-americanos nem a preocupação do governo federal com uma possível escassez de crédito abalaram as empresas instaladas na cidade e que recebem os incentivos fiscais concedidos pela Zona Franca de Manaus. De acordo com Machado, a estabilidade do pólo industrial ainda se deve ao destino de seus produtos, que são em grande maioria absorvidos pelo mercado latino-americano - que também não sofre impactos negativos em decorrência do momento econômico por que passam Estados Unidos e Europa
Pelo menos até dezembro, as empresas trabalham normalmente para produzir as encomendas recebidas e contam com o estoque de matéria-prima para atender à demanda nos últimos meses de 2008.
Machado pondera que, se a crise perdurar, a partir de janeiro ou fevereiro de 2009, pode ocorrer um redirecionamento das exportações asiáticas, dos Estados Unidos e Europa - hoje seus principais compradores - para países mais estabilizados e com maior capacidade de absorção dos seus produtos, como o Brasil.
"Com a crise, Estados Unidos e Europa não vão conseguir manter o mesmo ritmo de compras dos asiáticos, que vão começar a procurar outros mercados mais estáveis ou com capacidade de absorção. Não resta dúvida de que o Brasil é naturalmente um forte candidato e isso vai gerar uma pressão das exportações chinesas para o nosso país."
Essa possível situação, na avaliação do coordenador-geral, merece cuidado e atenção. "Como os produtos chineses competem diretamente com os produtos do PIM, esse redirecionamento vai requerer do nosso país um acompanhamento cuidadoso", acrescentou.
Na opinião do diretor executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Ronaldo Mota, apesar da possibilidade de redirecionamento das exportações chinesas para o Brasil, é preciso considerar as variáveis envolvidas nesse processo, como o valor do dólar.
"A China hoje exporta todo tipo de produto para o Brasil. Não vai ser agora que a competitividade vai se acirrar, com essa crise. Pode até ser que haja uma investida maior dos produtos chineses no Brasil mas com o dólar mais caro, o produto deles também ficará mais caro em nosso país."
Para Mota, existem outros aspectos relacionados à inserção dos produtos asiáticos no Brasil que merecem atenção. Ele reclamou de desigualdades não-tarifárias que colocam os produtos asiáticos em vantagem diante dos artigos nacionais.
"O que temos reclamado é que o Brasil não aplica aos produtos chineses o que tem aplicado às mercadorias de fabricação nacional, ou seja, as barreiras não-tarifárias. Todo produto nacional, por exemplo, tem que ter o selo do Inmetro [Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial]. Essa exigência não existe para os produtos chineses, que também deveriam ter um selo e ter que passar por um padrão de qualidade", reclamou.
"Não raro, encontramos vários produtos asiáticos sem a menor qualidade e feitos com materiais que podem prejudicar, por exemplo, a saúde de crianças. Essas barreiras, que não necessariamente as tarifárias, precisam valer também para os produtos que entram no nosso país para proteger a população", complementou.
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