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"Em meio a uma crise, não podemos transferir a conta da imprevidência dos ricos para os pobres", diz Patrus Ananias

Claudia Andrade<Br>Do UOL Notícias <br>Em Brasília

15/10/2008 12h36

O ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) defendeu nesta quarta-feira (15) a manutenção dos investimentos na área social, mesmo com a crise financeira mundial. "Não acho razoável que, num momento como esse, alguém pense em transferir a conta da imprevidência dos ricos para os pobres", disse, ao participar de um seminário sobre segurança alimentar, em Brasília.

"Estamos muito atentos para que não haja um impacto negativo sobre as políticas sociais, até porque o presidente Lula já disse mais de uma vez que, em qualquer situação, os pobres não serão penalizados e as políticas sociais serão mantidas, aperfeiçoadas e ampliadas", destacou.

Patrus Ananias acredita que a crise pode abrir caminho para mudanças. "Eu penso que pode haver uma mudança de modelo de desenvolvimento econômico, uma nova repactuação internacional, um novo modelo nas relações comerciais internacionais, no próprio funcionamento do mercado. Mas tudo isso está sendo monitorado pelas áreas técnicas específicas do governo."

Para o ministro, os que defendem que, na crise, é hora de "pisar no freio", estão errados. Ele usou a história para fundamentar seu discurso. "Quando os EUA mergulharam na depressão de 1929, muitos defendiam que se colocasse o pé no freio. O presidente (dos EUA, Franklin) Roosevelt defendeu o contrário: 'Para superarmos essa crise, disse ele, temos que colocar o pé no acelerador, recuperar o crescimento econômico, promover vigorosas políticas de distribuição de renda", destacou.

"Creio que vem sendo esse o modelo do governo do presidente Lula. Prudência para garantir a estabilidade, o controle da inflação, mas em nenhum momento devemos tirar o país do caminho do crescimento econômico, sempre com inclusão social", acrescentou.

O ministro do Desenvolvimento Social ressaltou que o país está mostrando estabilidade diante da crise. "Cuidado sempre é bom, por isso é importante nós termos todas as medidas preventivas (contra a crise). Por outro lado, nós não devemos parar o país. O Brasil está mostrando a sua força econômica, as suas potencialidades. Devemos ter as cautelas que estamos tendo, mas é fundamental que continuemos caminhando com as obras, com os investimentos do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), da área social", disse.

Políticas sociais permanentes
As críticas do ministro também foram voltadas aos que defendem que as políticas sociais devem ser temporárias. "As políticas sociais devem ser não só permanentes, mas cada vez mais vigorosas. Quanto mais as pessoas melhoram em condição de vida, tanto mais as políticas sociais vão crescendo, acompanhando a emancipação dessas pessoas, dessas famílias, dessas comunidades, sempre no enfoque do Estado de bem-estar social."