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Ministro não descarta possibilidade de cortes no orçamento da Ciência e Tecnologia

Paula Laboissière<br/> Da Agência Brasil<br/> Em Brasília

23/10/2008 11h29

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, disse hoje (23) que a crise financeira mundial "pegou todos de surpresa" pela rapidez com que se desenrolou e se aprofundou.

Ao participar de entrevista a emissoras de rádio no programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ele não descartou a possibilidade de cortes no orçamento de quase R$ 6 bilhões previsto para a pasta em 2009.

"O presidente Lula disse que o orçamento está aumentando, mas que não pode garantir o que vai acontecer no ano que vem. Ele está sendo muito realista. Nós não sabemos onde isso vai parar. Mas o orçamento mandado para o Congresso Nacional representa um acréscimo de 20% em relação ao desse ano. Então, se não conseguirmos ter todos os 20% ou se tivermos apenas 10%, ainda estaremos com o orçamento muito maior do que tínhamos há quatro anos."

Para Rezende, o maior desafio do sistema de ciência e tecnologia no país atualmente não é a falta de verba, mas usar bem e de maneira ágil os recursos que estão sendo disponibilizados.

"Como o sistema estava desacostumado com tantos recursos, a máquina pública hoje está tão emperrada que o nosso desafio está sendo dar conta do orçamento que temos disponível", disse.

"Dentro da dificuldade de hoje, não estou pessimista. Também não posso dizer que estou otimista. Estou apreensivo, mas bastante confiante de que, se houver uma redução no orçamento do ministério, ela não vai ser significativa em relação à proposta."

O ministro afirmou não ter dúvida de que existe um grande fator de especulação sobre os reflexos da crise financeira e que tanto o mercado de câmbio como o de crédito e o das Bolsas de Valores estão "muito especulativos". A estratégia, segundo ele, deve ser "esperar a poeira baixar".

Rezende avaliou que o dólar não deve voltar à casa dos R$ 1,50, mas ele se mostrou otimista para uma cotação inferior a R$ 2,00. Sobre a possibilidade de aumento, por exemplo, nos preços dos computadores vendidos no país, o ministro afirmou que o governo está preparado para enfrentar o problema por meio da redução de impostos e de incentivos.

"Temos o programa Computador para Todos, que fez com que os computadores barateassem e que o Brasil tivesse a fabricação e compra pela população de mais de 10 milhões de computadores. Este ano, ultrapassaremos esse número. Há dois meses, o que estava alto era o petróleo, que chegou a US$ 145 o barril, e agora está US$ 70."

De acordo com o ministro, a crise financeira mundial se dá diante de "um clima emocional muito grande" e "tudo o que flutua com muita rapidez em momentos de pico ou de depressão não deve ser analisado com muitas projeções".

Ele destacou ainda que ninguém mais tem dúvida de que a crise vai afetar todo o mundo e de que vai trazer recessão a muitos países. Rezende, entretanto, afirmou que o governo está convencido de que no Brasil não haverá recessão.

"O país vai continuar crescendo porque é a força do nosso mercado interno que está impulsionando a economia. Estou confiante de que a crise não vai afetar o nosso setor como, infelizmente, vai afetar outros setores."