Parlamentares transformam Internet em suas tribunas
A política invadiu o mundo virtual. Cada vez mais, deputados e senadores lançam na internet suas páginas personalizadas. Sem censuras, sem tempo e espaço predeterminado, os parlamentares encontraram uma nova maneira de seduzir o eleitor e divulgar o trabalho parlamentar.
A ferramenta preferida é o blog, uma espécie de diário. Informal, com linguagem direta e totalmente parcial, o instrumento virou uma via para autopromoção, além de marcar protestos e provocar embates que agitam a cena política.
O interesse dos congressistas pela internet se justifica pelo número de visitantes. Diariamente, as páginas de políticos mais conhecidos chegam a registrar entre três e quatro mil acessos. Segundo os deputados e senadores ouvidos pelo 'Jornal do Brasil', o caminho para a criação do espaço virtual acaba sendo o mesmo. Começa como um site, um lugar para armazenar artigos, ensaios e biografia. Depois, a tendência é que o autor poste um breve comentário e com a repercussão transforme seus relatos, pensamentos ou análises em um hábito.
Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), recorrer ao site e, especialmente, se empenhar na atualização do blog, foi uma resposta a sua base eleitoral. O senador conta que costumava enviar cartas para os eleitores, mas descobriu que os e-mails e o texto no blog ampliam a quantidade de pessoas alcançadas. O pedetista, que chega a receber 150 e-mails por dia - sem considerar documentos de associações ou grupos de pressão - avalia que será impossível um político sobreviver sem se render a Internet.
"Em alguns anos a mais, o computador vai ser para o político, como o cavalo foi para o cavaleiro na idade média" pondera Cristovam, que contabiliza mais 1,2 milhão de visitas no blog.
Investimentos
O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), reforça o discurso, mas também destaca que ainda há resistência aos blogs dos políticos como fonte de informação. "O usuário que busca nossas páginas sabe que opinamos sobre alguns assuntos, mas sempre seguindo a nossa tendência política", diz.
Os parlamentares evitam falar sobre quanto investem nos sites. Alguns, que pedem o anonimato, no entanto, afirmam que chegam a gastar mensalmente R$ 12 mil para manter a página no ar. Justificam que aplicam os recursos em serviços de multimídia, como vídeos, áudio de entrevistas, rádios próprias e uma equipe para trabalhar exclusivamente na manutenção da web.
Ao que parece, em um primeiro momento, os sites políticos ainda não se renderam aos patrocínios. A página do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), no entanto, chama atenção. Depois que foi escolhido relator da medida provisória 443, que autoriza a Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a comprarem participações em instituições financeiras no país sem a necessidade de licitações, o deputado exibe em seu site a logomarca dos dois bancos.
O deputado garante que não há relação. "É uma forma de mostrar aos usuários que sou relator da proposta" sustenta Cunha.
Provocações
Na avaliação do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que também faz questão de ter seus próprios bites, hoje, os sites se transformaram em uma poderosa arma para o eleitor ter a real noção de quem é o político. "Mesmo que seja uma equipe de assessores que esteja por trás dos comentários, das análises, é o pensamento, a visão do político que está ali" diz Simon. "Não tem como dizer que foi mal interpretado, que não foi ele".
O senador prevê que em alguns anos os sites poderão ser como os antigos "pinga-fogo", o horário das sessões reservado para pequenos pronunciamentos de, no máximo, cinco minutos, que mobilizava os parlamentares. Todos faziam questão de marcar suas posições, ainda mais que as falas eram reproduzidas no programa de rádio 'A Voz do Brasil'.
No entendimento do vice-líder do DEM na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), as páginas terão também um papel fundamental no futuro no que diz respeito ao financiamento de campanha. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avalia liberar a doação pela internet na disputa eleitoral de 2010. Na corrida eleitoral dos Estados Unidos, o presidente eleito Barack Obama arrecadou US$ 639 milhões.
Aleluia virou sensação entre os oposicionistas por ter colocado em seu site uma ampulheta que conta quantos dias faltam para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar o governo. Provações entre governistas e oposicionista são facilmente encontradas nas páginas dos parlamentares e até ex-caciques políticos, como o ex-ministro José Dirceu, que conseguem dar sobrevida às suas idéias e se manter presentes no cenário político por meio dos sites.
"O poder da Internet é inquestionável" aponta Aleluia.
A ferramenta preferida é o blog, uma espécie de diário. Informal, com linguagem direta e totalmente parcial, o instrumento virou uma via para autopromoção, além de marcar protestos e provocar embates que agitam a cena política.
Grupo de discussão
Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), recorrer ao site e, especialmente, se empenhar na atualização do blog, foi uma resposta a sua base eleitoral. O senador conta que costumava enviar cartas para os eleitores, mas descobriu que os e-mails e o texto no blog ampliam a quantidade de pessoas alcançadas. O pedetista, que chega a receber 150 e-mails por dia - sem considerar documentos de associações ou grupos de pressão - avalia que será impossível um político sobreviver sem se render a Internet.
"Em alguns anos a mais, o computador vai ser para o político, como o cavalo foi para o cavaleiro na idade média" pondera Cristovam, que contabiliza mais 1,2 milhão de visitas no blog.
Investimentos
O vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), reforça o discurso, mas também destaca que ainda há resistência aos blogs dos políticos como fonte de informação. "O usuário que busca nossas páginas sabe que opinamos sobre alguns assuntos, mas sempre seguindo a nossa tendência política", diz.
Os parlamentares evitam falar sobre quanto investem nos sites. Alguns, que pedem o anonimato, no entanto, afirmam que chegam a gastar mensalmente R$ 12 mil para manter a página no ar. Justificam que aplicam os recursos em serviços de multimídia, como vídeos, áudio de entrevistas, rádios próprias e uma equipe para trabalhar exclusivamente na manutenção da web.
Ao que parece, em um primeiro momento, os sites políticos ainda não se renderam aos patrocínios. A página do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), no entanto, chama atenção. Depois que foi escolhido relator da medida provisória 443, que autoriza a Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil a comprarem participações em instituições financeiras no país sem a necessidade de licitações, o deputado exibe em seu site a logomarca dos dois bancos.
O deputado garante que não há relação. "É uma forma de mostrar aos usuários que sou relator da proposta" sustenta Cunha.
Provocações
Na avaliação do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que também faz questão de ter seus próprios bites, hoje, os sites se transformaram em uma poderosa arma para o eleitor ter a real noção de quem é o político. "Mesmo que seja uma equipe de assessores que esteja por trás dos comentários, das análises, é o pensamento, a visão do político que está ali" diz Simon. "Não tem como dizer que foi mal interpretado, que não foi ele".
O senador prevê que em alguns anos os sites poderão ser como os antigos "pinga-fogo", o horário das sessões reservado para pequenos pronunciamentos de, no máximo, cinco minutos, que mobilizava os parlamentares. Todos faziam questão de marcar suas posições, ainda mais que as falas eram reproduzidas no programa de rádio 'A Voz do Brasil'.
No entendimento do vice-líder do DEM na Câmara, deputado José Carlos Aleluia (BA), as páginas terão também um papel fundamental no futuro no que diz respeito ao financiamento de campanha. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) avalia liberar a doação pela internet na disputa eleitoral de 2010. Na corrida eleitoral dos Estados Unidos, o presidente eleito Barack Obama arrecadou US$ 639 milhões.
Aleluia virou sensação entre os oposicionistas por ter colocado em seu site uma ampulheta que conta quantos dias faltam para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar o governo. Provações entre governistas e oposicionista são facilmente encontradas nas páginas dos parlamentares e até ex-caciques políticos, como o ex-ministro José Dirceu, que conseguem dar sobrevida às suas idéias e se manter presentes no cenário político por meio dos sites.
"O poder da Internet é inquestionável" aponta Aleluia.
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