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Ala do PT se articula em Minas para trabalhar por Dilma Roussef e Patrus Ananias

Rayder Bragon<br/> Especial para o UOL Notícias<br/> Em Contagem (MG)

16/11/2008 18h04

A corrente petista denominada "Articulação", um dos movimentos internos mais importantes do PT, vai trabalhar em Minas Gerais para viabilizar as candidaturas do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome) ao governo do Estado e da ministra Dilma Roussef (Casa Civil) para a Presidência da República, nas eleições de 2010.

Em Roma (Itália), no dia 13 de novembro, o presidente Lula afirmou que Dilma pode ser candidata da base aliada

"Primeiro, tenho que construir uma candidatura junto à base aliada. Acho que a Dilma pode ser uma boa candidata para o Brasil.", afirmou Lula. O petista ainda manifestou o desejo de ver uma mulher o sucedendo na presidência. " E a pessoa certa é a Dilma Rousseff. Quem estiver pensando que eu vou fazer campanha em 2009 pode começar a tirar da agenda", completou o presidente


Apesar de não ser oficial, o acordo tácito foi a conclusão de encontro da militância estadual para definir os rumos da sigla com vistas ao pleito no qual serão ofertadas as vagas de governador e de presidente.

O evento também serviu para afinar discussões sobre eleições internas da legenda, que ocorrerão em 2009. A reunião se encerrou neste domingo (16) no SESC Betim/Contagem, localizado na região metropolitana de Belo Horizonte. O lugar estava repleto de cartazes com frases como "Patrus governador" e "Dilma presidente".

Cerca de 500 militantes da tendência "Articulação" e algumas lideranças nacionais do partido participaram dos debates nos três dias do evento, que se iniciou na sexta-feira (14). Pela primeira vez, o ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência da República) revelou serem os colegas ministros os nomes que serão trabalhados daqui para frente, dentro da ala "Articulação", com vistas à indicação deles pelo PT.

"(Pretendemos) dar a vitória, em Minas Gerais, à candidatura presidencial que o PT lançar em nível nacional, que deve ser a da ministra Dilma. Se depender das pessoas que estão aqui, (assim) será. Se depender também das lideranças que aqui estiveram, nós deveremos lançar o ministro Patrus para governador do Estado", revelou.

Em outra linha, Dulci defendeu o fortalecimento de alianças com partidos que compõem a base do governo Lula como uma opção para a disputa de 2010. "Nós devemos trabalhar para que haja uma aliança de centro-esquerda em Minas, o PT e os partidos que integram a base do presidente Lula devem constituir uma aliança e lançar uma candidatura. A opinião de todo o mundo é que, se houver uma candidatura dessa aliança, ela tem muita chance de conquistar o Palácio da Liberdade (sede oficial do governo de Minas)", disse.

Punição ou Ministério
O prefeito Fernando Pimentel (PT), apesar de pertencer ao movimento "Articulação", não compareceu. Ele está em viagem oficial à França para participar de eventos ao lado do governador Aécio Neves (PSDB). Pimentel também pleiteia ser indicado pelo PT para disputar o cargo de governador.

As opiniões sobre possível punição do partido a Pimentel divergiram. O prefeito foi um dos articuladores, ao lado de Aécio, da aliança entre PT e PSDB na capital mineira que resultou na eleição de Marcio Lacerda (PSB) para a Prefeitura de Belo Horizonte.

A aproximação com o tucanato causara racha no partido petista, e alguns militantes se opuseram a fazer campanha para Lacerda, optando pela então candidata do PC do B, a deputada federal Jô Moraes.

Ao abrir os trabalhos, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, apregoou serem necessárias explicações de Pimentel sobre a aproximação com a legenda tucana, historicamente adversária e que faz oposição nacional ao presidente Lula. Para ele, o prefeito deveria justificar perante a direção da sigla as atitudes.

O ministro Patrus Ananias, o mais ilustre opositor à aliança entre PT e PSDB, adotou, no entanto, um tom conciliatório ao conclamar que nem Pimentel, nem os dissidentes petistas que apoiaram Jô Moraes deveriam sofrer algum tipo de punição. Patrus é um dos nomes cotados para ser lançado como candidato ao governo estadual, apesar disso, o ministro demonstrou cautela e afirmou optar por entendimento dentro do partido ao declarar que nenhuma candidatura é uma escolha individual.

Por sua vez, o ministro Luiz Dulci, apesar de abolir a retaliação, não excluiu o debate sobre as decisões tomadas em Belo Horizonte com relação à disputa municipal deste ano. "As críticas devem ser feitas, desde que as críticas sejam respeitosas. É necessário que haja debates sobre as opções, especialmente se tiverem sido opções erradas. É preciso analisar por que foram adotadas e os prejuízos que causaram. Deve ser feita uma avaliação política, mas isso não deve implicar em punição a ninguém, por mais importante que tenham sido os erros", avaliou.

Dulci defendeu, no entanto, posição na qual as discussões dentro da legenda avancem e tenham como foco as eleições de 2010. "O principal alvo do nosso trabalho não deve ser a crítica, deve ser o esforço para oferecer a Minas Gerais uma alternativa", explicou.

Sobre uma hipotética indicação do prefeito Fernando Pimentel (PT) para assumir ministério do governo Lula, tanto Berzoini quanto Dulci se eximiram de opinar e disseram ser a possível indicação de Pimentel a alguma pasta ministerial como prerrogativa exclusiva do presidente.