Topo

Governo quer reduzir o desmatamento na Amazônia em 72% até 2017

Claudia Andrade<br>Do UOL Notícias<br>Em Brasília

01/12/2008 12h10

Atualizado às 16h12

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou na manhã desta segunda-feira (1º) a nova meta de desmatamento do governo federal para a Amazônia, que estabelece planos quadrienais que totalizam 72% de redução das áreas desmatadas até 2017.

A redução seria de 40% no primeiro quadriênio contado a partir de 2006 e de 30% em cada um dos dois períodos seguintes, relativamente aos quadriênios anteriores. A base usada para se definir as metas foi o período de 1996 a 2005. Já o período da primeira etapa de redução, de 2006 a 2009, corresponde ao segundo mandato do presidente Lula.

Ações preventivas

Minc também anunciou hoje a adoção de uma série de medidas pelo governo federal para evitar que as chuvas causem novas catástrofes em Santa Catarina. Segundo o ministro,será feito um novo zoneamento no Estado e as áreas de risco receberão recomposição vegetal.

"Em 10 anos, vamos diminuir em 4,8 bilhões de toneladas a emissão de CO2. É mais do que todo o esforço dos países desenvolvidos", enfatizou o ministro, citando como comparação o caso da Inglaterra, cuja meta de redução do desmatamento é de 80% até 2050.

Em números absolutos, a área desmatada passaria de cerca de 20 mil km2 (ano 2005) para aproximadamente 5 mil km2 em 2017.

Para que o Brasil alcance sua meta será necessário um esforço conjunto, na opinião de Minc. "Isso vai depender de o governo federal fazer a regularização fundiária e melhorar a fiscalização. Vai depender também dos governos estaduais, de contribuições de países amigos para o Fundo Amazônico e também do cidadão saber a origem da madeira vindo para a sua mesa, para o seu armário", disse o ministro.

O plano de metas também prevê o aumento da participação do etanol e de outros biocombustíveis na matriz energética do Brasil. Para o etanol, a meta é um aumento de 11% ao ano nos próximos 15 anos, o que resultaria em uma redução de 508 milhões de toneladas de CO2 lançadas à atmosfera no período.

Outra meta do plano é dobrar a área de árvores plantadas. Segundo Minc, o plano é passar de 5,5 milhões de hectares para 11 milhões de hectares plantados, dos quais pelo menos 2 milhões corresponderiam a árvores nativas.

"Essas são metas do governo para o setor privado. O próprio setor siderúrgico hoje usa o carvão de árvore nativa, o que é uma maldade porque além de cortar a cobertura vegetal, ainda destrói a biodiversidade", criticou Minc.

O Ministério da Fazenda também participará do esforço pelo meio ambiente, estabelecendo incentivos fiscais para a produção de aparelhos e equipamentos menos poluentes. Carlos Minc ressaltou a necessidade de se trocar chuveiros elétricos por placas solares e geladeiras antigas por modelos mais novos, que emitam menos CO2.

Punições aos desmatadores
Haverá também um trabalho para definição de metas setoriais por região. O primeiro passo será uma reunião do presidente Lula com prefeitos e governadores dos Estados que mais desmatam para definir as ações de combate ao problema.

"Vamos ter que ter esses prefeitos como parceiros na questão de preservação ambiental e estabelecer metas para que eles sejam os primeiros interessados em reduzir o desmatamento. Vamos mostrar disposição em ajudá-los mas também dizer que vai ter punição se não cuidarem corretamente da preservação ambiental", disse o presidente Lula durante o lançamento.

O Plano Nacional de Mudanças Climáticas será revisto em 2010 para saber o que já está funcionando e o que falta ser incorporado.