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Justiça afasta mais um prefeito suspeito de corrupção em Minas Gerais; já são 32 desde 2008

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

07/06/2011 14h20

O prefeito de João Pinheiro (MG), Sérgio Vaz Soares (PV), foi afastado do cargo pela Justiça, por tempo indeterminado, sob acusação de desvio de dinheiro público. A ação foi movida pelo Ministério Público Estadual (MPE). Soares é o 32º prefeito mineiro afastado desde as últimas eleições municipais, em 2008.

O município, que fica na região noroeste de Minas Gerais e a 380 quilômetros de Belo Horizonte, passou a ser administrado pelo vice, Neider Amorim (PSDB), desde o último fim de semana.

O atual ocupante do Executivo da cidade exonerou todos os secretários municipais nesta segunda-feira (6). Segundo ele, alguns serão reconduzidos aos cargos. “Eu troquei, ainda no sábado, os segredos de portas da prefeitura”, disse o vice.

Segundo Amorim, apesar de ter feito parte da chapa encabeçada pelo prefeito agora afastado, foi colocado na “geladeira” por Soares assim que a atual administração da cidade tomou posse, em 2009.

Nesta terça-feira (7), Amorim afirmou que continuará a exonerar, agora no segundo escalão da prefeitura. Mas adiantou que garantirá os serviços prestados à população da localidade.

“Hoje estou verificando os cargos comissionados. Eu tenho muita cautela para manter o zelo e cuidar dos serviços essenciais para a população”, afirmou.

A reportagem do UOL Notícias tentou entrar em contato com o prefeito afastado, mas não obteve sucesso. “Ele disse que vai recorrer, mas vamos aguardar e ver o que a Justiça decide”, disse o novo prefeito.

De acordo com o promotor Peterson Queiroz Araújo, um dos signatários da ação movida pelo MPE, o órgão se baseou em ao menos 16 ocorrências “bem delineadas e com provas robustas” para pedir o afastamento do prefeito.

“São cálculos ainda preliminares, mas acredito em pelo menos R$ 3 milhões de prejuízo aos cofres do município”, disse Araújo, que citou, entre outras acusações contra o prefeito, desvio de combustíveis, superfaturamento de obras e irregularidades no transporte escolar de alunos da zona rural.

Segundo o promotor, há indícios de o prefeito afastado ter participado direta ou indiretamente nos supostos desvios.  

Prefeitos cassados

Com base em levantamento do TRE-MG (Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais), a pedido da reportagem do UOL Notícias, além dos 32 prefeitos afastados desde 2008, mais seis casos estão sendo avaliados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O número de prefeitos apeados do cargo pode ser maior, já que nem o Tribunal de Justiça de Minas (TJ-MG) nem a Associação Mineira de Municípios (AMM) mantêm dados estatísticos sobre o assunto.

A perda dos cargos eletivos pode ser determinada pela Justiça. O TRE mineiro ainda revelou terem sido gastos R$ 88 mil com eleições extemporâneas nos municípios cujos prefeitos foram retirados dos cargos.