Dilma visita ex-presidente Lula e diz que, em janeiro, ele estará "desfilando pela Gaviões da Fiel"
A presidente Dilma Rousseff chegou por volta das 18h35 desta segunda-feira (31) ao hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo, para visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --internado hoje para iniciar o tratamento contra um câncer de laringe, diagnosticado no fim de semana. Dilma chegou de helicóptero e ficou quase uma hora e meia no local.
Leia mais sobre o câncer do ex-presidente Lula
Ao sair, afirmou aos jornalistas que Lula está bem. “Saio muito contente porque achei ele [Lula] muito bem, com aquela imensa energia, uma combinação de força do organismo e da extrema energia que sai da bondade e da alegria de viver”, afirmou em entrevista coletiva. “Saio certa que ele sai, em janeiro, desfilando na Gaviões da Fiel”, brincou, referindo-se à escola de samba do time de Lula, o Corinthians. "O povo brasileiro pode ter certeza que ele é um guerreiro e vai sair dessa."
“Eu sofri muito na minha quimioterapia [Dilma fez um tratamento para combater um câncer linfático], mas o presidente tem uma capacidade enorme de vencer desafios”, completou. Segundo Dilma, Lula estava mais interessado em discutir o G-20 e o desempenho dos países da zona do euro do que falar da doença. “O presidente olha para fora, não fica triste, olhando para dentro. É sempre muito alegre.”
Questionada se o ex-presidente está preservando a voz, Dilma disse que ele está falando baixo, mas as vezes ele acaba falando mais alto. Ainda de acordo com a presidente, Lula reclamou de notícias da imprensa apontando irregularidades em três contratos do programa federal Minha Casa Minha Vida. “O programa tem um milhão de contratos e que ele acha um absurdo tratar isso [as irregularidades em três deles] como uma catástrofe.”
Entenda a doença de Lula
O ex-presidente tem um tumor maligno na laringe de agressividade intermediária, de acordo com a equipe médica. Lula chegou ao hospital hoje para se submeter à primeira sessão de quimioterapia por volta das 10h. Ele deve passar a noite no hospital e voltar para seu apartamento, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, na terça-feira (1º).
Segundo o médico Paulo Hoff, que, ao lado dos colegas Roberto Kalil Filho, Artur Katz e Luiz Paulo Kowalski, concedeu uma entrevista coletiva no hospital mais cedo, o tumor na laringe do ex-presidente é o mais comum nesta região.
"O resultado da biópsia foi claro. Nossa expectativa é de que ele responda bem ao tratamento", afirmou. Hoff disse que o tumor está "relativamente em um estado inicial", que é localizado e não se espalhou pela laringe. "O fato de ser um tumor localizado é muito importante. A chance de cura é muito maior", declarou.
Cerca de três a quatro semanas após o fim do ciclo de sessões de quimioterapia, o ex-presidente deve se submeter ao tratamento com radioterapia. "As sessões de radioterapia devem começar entre os dias 10 e 12 de janeiro", disse Artur Katz. O médico afirmou que "não há nenhum planejamento de cirurgia no cronograma de tratamento".
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Caso Lula não responda bem ao tratamento, os médicos deverão considerar a possibilidade de uma cirurgia. "Seria uma cirurgia que preserva a voz. Mas ele tem uma chance muito boa para a cura sem a cirurgia", afirmou Luiz Paulo Kowalski. Após duas sessões de quimioterapia, os médicos já saberão se o tratamento teve sucesso.
"O presidente levará uma vida próxima do normal. Acreditamos que ele não terá nenhuma dificuldade em voltar a uma vida absolutamente normal muito em breve", disse o médico Arthur Katz.
De acordo com os médicos, caso o tratamento seja bem sucedido, o ex-presidente terá que continuar com um acompanhamento médico mais cuidadoso até o período de dois anos após o fim do tratamento, considerado crítico pelos médicos para eventual volta da doença.
Segundo eles, somente após cinco anos depois do fim do tratamento e deste acompanhamento poderá se avaliar se Lula estará completamente curado.
De acordo com os médicos, Lula se submeterá a sessões de quimioterapia a cada 21 dias, totalizando três sessões. Os médicos pretendem avaliar o ex-presidente entre a segunda e terceira aplicações.
"Diante da escala de agressividade, é um tratamento agressivo. No ex-presidente terá os efeitos colaterais da quimioterapia, incluindo a queda de cabelo", disse Paulo Hoff. "O tumor é localizado, a chance de cura é elevada", acrescentou.
Compromissos políticos cancelados
O ex-presidente foi diagnosticado, no último sábado (29), com um tumor maligno, de 2 cm a 3 cm, considerado de tamanho médio, localizado na laringe, na parte superior da glote. Lula cancelou seus compromissos por causa da doença.
Por causa do tratamento, Lula foi obrigado a cancelar toda sua agenda política até janeiro de 2012. Segundo Paulo Okamoto, presidente do Instituto Cidadania --que irá se chamar, em breve, Instituto Lula-- o ex-presidente iria para Porto Alegre (RS), Washington D.C. (EUA), onde receberia um prêmio, República Dominicana e Venezuela, onde se encontraria com o presidente Chávez, entre os dias 8 e 11 de novembro.
"Todos os compromissos serão cancelados. Não dá para ele viajar para tantos lugares durante o tratamento", disse Okamoto, que esteve no hospital no sábado (29).
O câncer
O ex-presidente, que completou 66 anos na última quinta (27), estava com rouquidão considerada acima do normal e vinha se queixando de dores de garganta nos últimos dias.
Segundo o médico Rafael Possik, oncologista do hospital Sírio Libanês, esse tipo de tumor está diretamente relacionado ao consumo de tabaco e bebidas alcoólicas.
A laringe é um órgão situado na região do pescoço e tem funções respiratórias e relacionadas ao aparelho vocal. O câncer de laringe atinge principalmente homens e é um dos mais comuns na região da cabeça e pescoço.
Segundo o Instituto do Câncer (Inca), fumantes têm dez vezes mais chances de desenvolver câncer de laringe que pessoas que não fumam. O câncer de laringe representa cerca de 25% dos tumores malignos na região da cabeça e pescoço. Dois terços dos tumores do gênero ocorrem na corda vocal.
* Com informações de Thiago Varella e Marcela Rahal e da agência Reuters
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