Governador do Paraná diz que policiais que estudam tendem a ser mais insubordinados
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), relacionou a exigência de ensino superior para ingresso na Polícia Militar a um possível aumento na insubordinação entre os soldados. “Outra questão é de insubordinação, uma pessoa com curso superior muitas vezes não aceita cumprir ordens de um oficial ou um superior, uma patente maior”, disse Richa nesta quinta (26) em entrevista à rádio CBN Curitiba.
Richa fez o comentário ao rejeitar a ideia de adotar a exigência o curso de Direito para os novos oficiais da PM, uma reivindicação de entidades que defendem os policiais. A fala de Richa gerou críticas em redes sociais e foi considerada “desastrosa” pelo coronel Elizeu Furquim, presidente da Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares (Amai), principal entidade do setor.
“O governador passou a mensagem de que cultura e escolaridade premiam desobediência e desordem”, disse Furquim ao UOL, nesta sexta (27). “Ele ainda é jovem (Richa tem 46 anos), mas está contra a modernidade, propôs um retrocesso. Gostaríamos que ele repensasse sua afirmação.”
Para Furquim, a exigência de curso de Direito poderia reduzir os gastos do Estado com a formação dos oficiais da PM. “Hoje, essa formação dura três anos, em regime de semi-internato, pago com recursos públicos, sendo que boa parte do curso é de conteúdo jurídico. Com a exigência do curso superior, o governo poderia reduzir esse prazo em um ano.”
Outro lado
A assessoria de imprensa do governador disse que a declaração foi colocada “fora de contexto”. Richa teria feito uma comparação entre jovens egressos do serviço militar, que perderiam a chance de ingressar na PM com a exigência de curso superior, apesar de estarem mais acostumados à hierarquia que universitários.
A reportagem também procurou o secretário estadual da Educação, o vice-governador Flavio Arns, para que comentasse a declaração de Richa. A assessoria, porém, informou que apenas a Secretaria de Comunicação Social se manifestaria sobre o assunto. Arns também não atendeu à ligação por seu telefone celular.
O UOL também procurou o secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, mas sua assessoria não havia retornado até o fechamento deste texto, às 12h30.
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