"Eu não era o Robin, mas o Batman" das obras, diz ex-diretor da Dersa à CPI do Cachoeira
O engenheiro Paulo Vieira de Souza, 63, ex-diretor da Dersa (estatal rodoviária de São Paulo) e conhecido como Paulo Preto, disse nesta quarta-feira (29) à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Cachoeira que “não era o Robin, mas o Batman” das obras públicas no Estado de São Paulo, querendo dizer que era a pessoa responsável por gerir cerca de R$ 13 bilhões em infraestutura urbana.
Ele ficou no cargo entre os anos de 2007 e 2010, quando foi exonerado da diretoria da Dersa pelo então governador Alberto Goldman. Souza atribuiu ao gosto pessoal de Goldman a exoneração.
“O doutor Goldman como governador tem todo o direito de simpatizar ou não pelas pessoas”, disse. “Falavam que eu era o ‘Super-Homem' das obras; eu sou o ironman [Souza se disse triatleta e competidor; o termo também é o nome original de outro personagem de quadrinhos, o Homem de Ferro]. Eu dizia: se precisarem de um incompetente, não me chamem. Mas se quiserem [obra] no prazo, paga bem que eu estou dentro, independentemente de partido, clero ou religião. Eu sou esse cara de quem ninguém gosta”, afirmou.
O engenheiro foi convocado pela CPI, que investiga a relação entre empresários e agentes públicos com o bicheiro goiano Carlinhos Cachoeira. O objetivo era ouvi-lo sobre as relações entre a construtora Delta, investigada pela CPI, e a estatal paulista. Ele disse não conhecer Cachoeira, mas admitiu conhecer o ex-presidente da Delta Fernando Cavendish, que também foi convocado a depor à CPI, mas obteve ontem (28) um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) e deverá permanecer em silêncio.
Ex-diretor da Dersa chora durante depoimento
"Cavendish vi uma vez na Dersa, em 2008, e outra vez talvez em 2009", resumiu.
Ele afirmou ainda que a Delta participou junto à Dersa apenas das obras do lote dois da nova marginal Tietê, pela qual foram pagos à empresa R$ 172 milhões. Ao todo, o empreendimento teve licitados quatro lotes da obra.
“A Delta participou de todas as licitações e perdeu em todas por preço maior. A única obra que ela tem na Dersa corresponde a 1,9% do volume gasto na marginal, em valores licitados de R$ 11,5 bilhões. É uma situação diferente de tudo o que eu vi até hoje”, declarou.
Aos parlamentares, Souza disse ter espírito "de colaboração", narrou o próprio currículo e salientou que estava na CPI sem advogado. Em mais de uma oportunidade, disse que participa da competição "Iron Man" desde os 53 anos e se admitiu "vaidoso" e até "arrogante". "Eu acho quase impossível um engenheiro de São Paulo não saber quem é Paulo Souza", opinou ele, que também se disse conselheiro do Corinthians.
Apelido "pejorativo"
Souza atribuiu a “detratores” o apelido Paulo Preto ao ser indagado se gosta do codinome. Atribuiu a iniciativa a “detratores”, assim como a acusação de ter levantado recursos para campanhas dos tucanos José Serra à Presidência da República e Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo, no ano de 2010, junto ao Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
“[O apelido] É pejorativo para me magoar e macular minha imagem. Eu poderia ter sido chamado pelos meus funcionários ou amigos assim, não existe um único deles que me tratasse com esse apelido. Devo reconhecer que foi uma grande jogada da mídia, não me curvarei a isso.”
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