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Fala de Dirceu sobre Fux é "desespero" de condenado, diz oposição

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

10/04/2013 14h00Atualizada em 10/04/2013 18h17

O líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR),  classificou nesta quarta-feira (10) as declarações do ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula José Dirceu como “reação de um condenado por ser chefe de quadrilha do mensalão”.

“Não posso imaginar que o ministro Fux tenha feito [a manifestação de absolvê-lo]. Isso é uma alucinação de um desesperado, condenado como chefe de quadrilha do mensalão”, avaliou Bueno.

Em entrevista ao "Poder e Política", programa da "Folha" e do UOL, Dirceu afirmou ter sido "assediado moralmente" por seis meses pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Fux. À época, Fux era ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e articulava sua indicação para o STF.

Em novembro do ano passado, Dirceu foi condenado pelo STF a 10 anos e 10 meses de prisão, mais multa, pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha pelo envolvimento no esquema de compra de apoio político de parlamentares durante o primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Fux foi um dos ministros que votou pela condenação de ex-ministro petista.

Para Bueno, Fux não tem que responder a quem já é condenado e teve direito a ampla defesa durante o julgamento.

Já o líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), encara com “cautela” as declarações do petista e disse ao UOL que entre "a versão de um criminoso e um magistrado", ficaria com a do magistrado. “Temos que receber obviamente com muita cautela essa ‘denúncia’ que José Dirceu fez porque, afinal de contas, estamos tratando de uma versão de um criminoso, chefe de uma quadrilha, que pode tentar com o gesto desmoralizar um integrante da Corte que o condenou à prisão”, argumentou o deputado tucano.

Também integrante da oposição ao governo federal no Congresso Nacional, o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), definiu a denúncia de Dirceu como “gravíssima”, mas, no momento, a palavra só cabe ao ministro Luiz Fux. “Isso não é um assunto da Câmara. É um assunto que nós esperamos um pronunciamento do ministro Fux. Ele é que tem que se pronunciar diante da entrevista e das acusações de José Dirceu”, resumiu Caiado.

Durante intervalo da sessão plenária do Supremo nesta tarde, o ministro Luiz Fux afirmou que “ministro do Supremo não polemiza com réu”. O mesmo argumento foi dado anteriormente pela assessoria de imprensa do STF. 

O líder do PMDB, maior bancada de apoio ao governo, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi procurado pelo UOL e disse que não irá comentar o assunto.

O responsável pela liderança do o PT na Câmara, José Guimarães (CE), não atendeu às ligações da reportagem. 

Mais repercussões

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou, em entrevista nesta manhã à rádio CBN, que recebeu "com absoluto descrédito" as acusações do ex-ministro José Dirceu contra o Fux.

Os ministros do STF Cármen Lúcia e Dias Toffoli se recusaram a comentar a acusação de José Dirceu. "Eu ainda não li os jornais hoje", respondeu Cármen Lúcia ao ser indagada após uma reunião no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o qual também preside. Questionado em seguida, Toffoli, que integra o TSE, deu a mesma resposta.

Já o ministro Marco Aurélio Mello disse que as afirmações de Dirceu desgastam a Corte, mas não têm a capacidade de prejudicar o julgamento.