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Lula pede para jovens manifestantes procurarem política dentro de si

O ex-presidente participou neste terça do  Festival Latinidades, em Brasília - Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-presidente participou neste terça do Festival Latinidades, em Brasília Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

23/07/2013 19h34

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em palestra nesta terça (23), em Brasília, que não é um "político perfeito" e que os jovens que participaram da onda de manifestações pelo Brasil em junho devem procurar o político que existe dentro deles. "Você pode não gostar de um partido, de um deputado, você tem o direto de achar que todo mundo é ladrão. Você tem o direito. Mas, enquanto estiver pensando assim, da forma mais radical, em vez de desanimar, pare de achar que sou o politico perfeito que vocês querem, o político está dentro de cada um de vocês", declarou.

Nas manifestações, militantes do PT chegaram a ser expulsos e bandeiras do partido foram queimadas. Também era comum ouvir gritos de "sem partido" nos protestos.

No entanto, Lula defendeu que as eleições ainda são o meio mais efetivo de fazer política. “Vá disputar a eleição porque fora da política não tem solução. Tem gente que gostaria de ter os militares, mas eu não quero. A democracia é ruim, mas é pior sem ela. Vamos fazer a reforma política, vamos fazer o plebiscito.” E completou: “a desgraça de quem não gosta de politica é que é governado por quem gosta. Quem gosta é sempre a minoria. [Isso] Significa que a maioria está sempre ferrada”.

Entre na política e faça um partido, diz Lula a jovens manifestantes

Sobre a sua atuação como ex-presidente, sem cargo eletivo, o petista declarou que não precisa de um posto no governo para "fazer as coisas" no Brasil. "Eu não tenho tempo para parar e não preciso ser governo para fazer as coisas neste  país."

Durante seu discurso, Lula exaltou a maior aproximação que o seu governo teve com países africanos, o orgulho de ter sancionado a Lei Maria da Penha (que pune a violência contra a mulher) e de ter criado duas secretarias com status de ministério: a Secretaria de Políticas para as Mulheres e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

Reforma ministerial e governo Dilma

O ex-presidente disse que o governo tem que saber para que servem os ministérios, em referência à pressão de aliados para que a presidente Dilma Rousseff reduza o número de ministérios. "A gente não tem que diminuir ou aumentar. Tem que saber para que serve", declarou.

"Fica esperto porque ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda, da Defesa. Vai tentar mexer no ministério da Igualdade Racial", disse. Na semana passada, a ministra da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), Luiza Bairros, negou que seu ministério seja integrado a outra pasta em uma eventual reforma ministerial.

No entanto, o petista disse não acreditar em mudanças. "Eu acho que a Dilma não vai mexer [nos ministérios]".

Lula também comentou a relação entre o PT e a presidente.  "A relação é maravilhosa. Não sei quem descobre uma divergência que não existe. Fui presidente da República e, muitas vezes, não pude ir a reuniões do diretório do PT e, nem por isso, tem divergência. O PT apoia 150% a presidente Dilma, quiçá 200%. "

O ex-presidente participou neste terça do  Festival Latinidades, em Brasília. Ele foi convidado para dar a palestra "Desigualdades de gênero e raça: políticas públicas e ações afirmativas no governo Lula e sua atuação pós-mandato". Ele foi aplaudido, deu autógrafos e foi saudado com gritos de apoio, como "Lula guerreiro do povo brasileiro".