Valdemar Costa Neto, deputado condenado no mensalão, diz que pagará sua "dívida" na prisão
O deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado no processo do mensalão, se prepara para cumprir a pena numa cela em Brasília. Já está desocupando o apartamento funcional cedido pela Câmara. Alugou um flat na capital da República. Concluirá essa transição na semana que vem e ficará pronto para “pagar essa dívida com a sociedade”.
Íntegra da entrevista (52 min.)
Condenado pelo STF a 7 anos e 10 meses de prisão e multa de R$ 1,1 milhão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Valdemar terá o benefício do regime semiaberto: entrará na cadeia às 18h e pode sair às 6h da manhã do dia seguinte para trabalhar.
O deputado acaba de completar 64 anos. Ficará nove anos privado dos seus direitos de se candidatar novamente. Se desejar, só poderá voltar a vida partidária plena aos 73 anos, em 2022.
Em entrevista ao programa Poder e Política, do UOL e da Folha, mostrou-se resignado. Quando deixará o cargo de dirigente do PR? “Logo que eu tenha que começar a cumprir a pena. Saio da secretaria-geral e já começo a trabalhar na área administrativa do partido”. Ele é o primeiro mensaleiro a falar de maneira direta sobre como será sua rotina de presidiário.
Esta foi a primeira entrevista de Valdemar em muitos anos depois da eclosão do mensalão, em 2005. Um pouco abatido, ele agora espera apenas o momento de cumprir sua pena, pois não tem mais esperança de apresentar com sucesso algum recurso. Tampouco pode tentar apresentar os chamados embargos infringentes, pois ao ser condenado nunca chegou a ter pelo menos quatro votos a seu favor.
O antigo e loquaz deputado Valdemar Costa Neto só ressurge na entrevista quando ele começa um destampatório contra o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que também foi o relator do processo do mensalão.
“É um recalcado, um desequilibrado, um homem sem educação (...) É um homem que bate em mulher [referindo-se a uma suposta agressão à ex-mulher] (...) Não tem qualificação para o cargo. Ele compra um apartamento em Miami. Você já viu um ministro do Supremo ter apartamento em Miami? Não tem nada ilegal nisso aí, agora, criar uma empresa lá fora? A lei está aqui, ele não pode ter empresa. Ele pode ser cotista de empresa”.
O deputado se refere à compra, revelada pela Folha, de um imóvel pelo ministro por meio de uma empresa criada para obter eventual benefício tributário.
Avisada do inteiro teor das declarações de Valdemar, a assessoria de Joaquim Barbosa disse que o ministro respondeu com uma frase: “Não vou polemizar com réu condenado”. A assessoria também informou que o deputado usou na entrevista uma informação incorreta divulgada em sites na internet, sobre o magistrado ter recebido dinheiro indevido da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, sem dar aula –o que não seria verdadeiro.
Acesse a transcrição completa da entrevista.
A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):
1) Principais trechos: Valdemar Costa Neto (12:22)
2) Vou cumprir pena de prisão em Brasília, diz Valdemar (2:14)
3) Valdemar: Durante a pena, trabalharei no partido (1:37)
4) Joaquim é recalcado e desequilibrado, diz Valdemar (5:35)
5) Partido é igual a empresa, diz Valdemar (2:34)
6) Valdemar: Desconfiei do dinheiro, mas tinha dívidas (2:07)
7) PT pediu pra futuros ministros ‘resolverem’ mensalão (1:53)
8) Valdemar: Estou arrependido do acordo financeiro (0:45)
9) Valdemar: Todos têm direito a 2 julgamentos (0:58)
10) Sou a favor do voto aberto para tudo, diz Valdemar (1:56)
11) Quem é Valdemar Costa Neto? (1:28)
12) Íntegra da entrevista: Valdemar Costa Neto (52 min.)
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