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Marina acena ao mercado e promete autonomia para o Banco Central

Fernando Rodrigues

Do UOL, em Brasília

22/08/2014 06h00

Maria Alice Setubal, a Neca, coordenadora do programa de governo de Marina Silva, afirma que a candidata a presidente pelo PSB reafirmará os compromissos feitos anteriormente por Eduardo Campos (morto no último dia 13) a respeito de conceder autonomia formal, por lei, ao Banco Central.

Em entrevista ao UOL e à "Folha", Neca disse que ao longo da campanha mais economistas “estarão se aproximando” e terão mais o perfil de “operadores” do mercado, para compensar a característica mais acadêmica da maioria dos atuais conselheiros de Marina nessa área –papel no momento de Eduardo Giannetti e André Lara Resende, entre outros.

Essa é uma tentativa de Marina se qualificar como uma candidata confiável aos olhos do establishment financeiro e empresarial. O programa de governo da campanha presidencial do PSB deve ser lançado no próximo dia 29. A candidata também estuda fazer um discurso ou um documento mais sucinto a respeito de seus compromissos na área econômica.

Na entrevista, Neca disse que a meta de inflação anual num eventual governo Marina Silva permanecerá em 4,5%, mas será perseguida uma política que permita fixar o percentual em 3% a partir de 2019.

Neca tem 63 anos e é uma das acionistas do Banco Itaú. Tornou-se amiga de Marina Silva desde a campanha de 2010. Com que frequência conversam? “Quase todo dia. A gente se fala por telefone bastante”.

A partir da consolidação de Marina como candidata a presidente, revela Neca, cresceram as ofertas de doações. “Acho que é o pragmatismo, saiu a primeira pesquisa...”, filosofa.

Sobre o risco de paralisia política no início de uma eventual administração federal marinista, por causa do pouco apoio no Congresso, a avaliação da coordenadora do programa de governo é que “o PSB é um partido que não é tão pequeno assim”. E haverá alianças. Cita alguns acertos eleitorais neste ano nos Estados “já com o PMDB”. E fala que Marina “tem certeza que muitas pessoas do PSDB e do PT vão estar fazendo parte do governo, no Executivo”.

Ao analisar o que considera erros do governo Dilma, faz a seguinte avaliação: “Ela tem uma incapacidade de ouvir. Desagrega. Acho que a Dilma reproduz uma liderança masculina. É aquela pessoa dura, que bate na mesa, que briga, que fala que ‘eu vou fazer, eu vou acontecer, eu sei’. Isso é, no estereótipo, uma liderança muito mais patriarcal do masculino, do coronelismo brasileiro”.

Acesse a transcrição completa da entrevista.

A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets, com opção de assistir em HD):

1) Principais trechos da entrevista com Neca Setubal (10:50)

2) Marina dará autonomia ao BC e chamará operadores do mercado (2:42)

3) Com Marina, crescem doações para campanha, diz Neca Setubal (1:02)

4) Muitos do PT e do PSDB estarão no governo Marina, diz Neca (3:40)

5) Neca: Dilma não lidera nem equilibra masculino e feminino (3:24)

6) Nova política exigirá mais plebiscitos e referendos, diz Neca (3:11)

7) Neca: Aborto é tema de saúde para Marina, mas não será  liberado (1:14)

8) Marina trabalha em equipe; Eduardo centralizava, diz Neca Setubal (2:11)

9) Se Marina vencer, estarei ao seu lado, diz Neca Setubal (0:33)

10) Ser acionista do Itaú não produz conflito de interesses, diz Neca Setubal (1:47)

11) Falo com Marina todo dia, diz Neca Setubal (1:26)

12) Quem é Neca Setubal? (1:48)

13) Íntegra da entrevista com Neca Setubal (72 min.)

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