Novo ministro dos Transportes defende nomeação de técnicos e "continuidade"
Em seu primeiro discurso como novo ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues (PR), afirmou que pretende indicar pessoas com perfil técnico para gerir a Valec (estatal de ferrovias) e o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Ele também disse que sua gestão deve ser de "continuidade".
Os dois órgãos já foram investigados por irregularidades em obras e tiveram seus gestores e funcionários ligados a partidos foram afastados por suspeita de corrupção.
“Pretendo indicar técnicos para assumir a gestão do Dnit e Valec e quero contar com o apoio dos funcionários do Ministério dos Transportes”, declarou Rodrigues.
Questionado sobre as investigações da operação Lava Jato da Polícia Federal que apontam o envolvimento das principais empreiteiras do país em um esquema de corrupção na Petrobras, o novo titutar dos Transportes afirmou não ter preocupações.
"Não estou preocupado com nada. Minha preocupação é trabalhar como sempre trabalhei em todas as empresas, secretarias e estatais que passei. O meu lema é trabalho. Vou trabalhar e me dedicar”, disse o ministro.
Rodrigues destacou o trabalho do ex-ministro Paulo Sérgio Passos, que deixa hoje o cargo, e evitou falar sobre mudanças na pasta. “É a continuidade do governo”, disse.
O novo ministro disse ainda que dará continuação às “obras prioritárias” e as concessões do governo Dilma Rousseff (PT), mas se recusou a dar mais detalhes sobre o assunto.
“Os investimentos em ferrovias que pretendo manter e ampliar deram grande melhoria à logística de transporte de cargas do país e ofereceram melhores condições para produção nacional. [...] Destaco ainda a mudança no modelo de nossas rodovias de concessão de iniciativa privada que como grande realização deste governo que com certeza representa um desafio que levarei a diante. Com o PAC2 [Programa de Aceleração do Crescimento], o governo Dilma concedeu mais 5.000 quilômetros de rodovias, [...] Dilma também apoiou e construiu treze estaleiros”, declarou.
Ex-vereador em São Paulo, Rodrigues foi suplente de Marta Suplicy (PT-SP) no Senado. Ele assumiu a cadeira de senador durante a gestão da petista à frente do Ministério da Cultura.
Rodrigues responde a dois processos, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”. Ele foi acusado de contratar ilegalmente uma empresa de locação de mão de obra na EMTU (Empresa Metropolitano de Transportes Urbanos de São Paulo) quando era seu diretor-presidente, em 1992, na gestão do governador Luiz Antônio Fleury Filho.
Há também uma investigação do Ministério Público sobre a doação de R$ 40 mil em 2008 que ele teria recebido e não a declarou. Sua defesa diz que o valor aparece citado no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O caso ainda será julgado pela Justiça Eleitoral.
O novo ministro também foi investigado em 2009 pela Polícia Federal durante a deflagração da operação Castelo de Areia. Documentos apreendidos pela PF sugeriam que a construtora Camargo Corrêa teria pago propina a Rodrigues, que era o presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo à época. Os processos sobre a investigação dessa operação foram anulados pelo STJ porque houve quebra de sigilo telefônico a partir de uma denúncia anônima no início da investigação.
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