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"Ele criou dificuldades para o partido", diz Rui Falcão (PT) sobre Delcídio

Pedro Ladeira/Folhapress
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Marcelo Freire

Do UOL, em São Paulo

04/12/2015 17h55

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, anunciou nesta sexta-feira (4) a suspensão do senador Delcídio do Amaral (MS) por 60 dias, após reunião da Comissão Executiva Nacional do PT em São Paulo. Delcídio está preso na sede da Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal, sob a acusação de tentar atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.

Segundo Falcão, o partido considera as atividades do senador "passíveis de expulsão". "A Executiva aplicou a suspensão por 60 dias e cancelou a prerrogativa de representar o PT no Senado caso venha a ser solto. [Delcidio] Não representa a opinião e criou dificuldades para o partido."

A decisão da Executiva já abriu o processo que pode acarretar na expulsão de Delcídio do PT. Durante esses 60 dias, ele terá direito amplo a defesa, segundo Falcão, mesmo que representado por terceiros.

Participaram da reunião 21 membros da Executiva Nacional do partido com direito a voto, além de convidados.

O processo sobre a expulsão do senador deverá ser analisado neste período.

Na manhã desta sexta, a bancada do PT no Senado já havia recomendado à Comissão Executiva Nacional do partido a suspensão provisória de Delcídio "tendo em conta a gravidade dos fatos que redundaram na prisão do senador".

Delcídio foi preso na Lava Jato após ter sido gravado em conversa com o advogado e o filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Na gravação ele sugeriu plano de fuga de Cerveró para a Espanha, passando pelo Paraguai. O delito, considerado flagrante, tornou Delcídio o primeiro senador em exercício preso desde a Constituição de 1988.

Além da suspensão do PT, o senador também pode perder o mandato em processo de quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado, prestes a ser instaurado. A expectativa é que a decisão fique para o início de 2016.

Na prisão, Delcídio comentou a políticos do MS que, neste momento, “a filiação partidária e o mandato são coisas menores”, segundo Antônio Carlos Biffi, presidente do PT no Estado. "Ele está bem ciente das dificuldades que vai enfrentar. O foco dele é em explicar a armação que foi feita", afirmou.

Segundo Biffi, Delcídio  avaliou que dificilmente conseguirá manter seu mandato. "Não nasci senador e não vou morrer senador. Cumpri meu papel", disse o parlamentar, conforme relato do presidente estadual do PT no MS.

Estava no PT desde 2001

Ex-ministro de Minas e Energia durante o governo Itamar Franco (1992-1994), Delcídio se filiou ao PT em 2001, depois de ter sido diretor de gás e energia da Petrobras durante o segundo governo FHC (1999-2002). Ele foi eleito senador pelo Mato Grosso do Sul em 2002, tendo sido reeleito em 2010.

Em 2005, o senador presidiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios, que inicialmente investigou denúncias de corrupção na estatal e culminou com a descoberta do esquema do mensalão. Em 2006 e 2014, perdeu a eleição para governador do Mato Grosso do Sul para André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB), respectivamente.