Blindado por seguranças, Moro diz em palestra que corrupção é "suprapartidária"
O juiz Sérgio Moro afirmou nesta terça-feira (29), durante palestra realizada em São Paulo, que a corrupção não é exclusiva de um partido e que ela precisa ser combatida. “A corrupção não é o único problema do Brasil, mas é um problema suprapartidário. Isso não tem a ver com outras questões de política. Isso tem a ver com questões relacionadas à Justiça. Justiça e política são coisas diferenciadas", disse o juiz, que chegou ao evento blindado por 12 seguranças, que o acompanharam até ao banheiro.
Moro proferiu a palestra “O Poder Judiciário e o combate à corrupção” dentro do simpósio “Combate à corrupção: desafios e resultados. Casos Mãos Limpas e Lava Jato”, promovido pela Procuradoria Regional da República da Terceira Região (SP/MS) e dirigido a integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário.
O auditório, com capacidade para cerca de 160 pessoas, estava lotado. Moro foi bastante aplaudido e saiu logo após o fim de sua palestra sem dar entrevista.
No momento de sua fala, o juiz federal ordenou que gravadores e câmeras de TV fossem desligados. Os seguranças se aproximaram dos jornalistas no auditório para que a determinação fosse cumprida.
Ele federal disse que a Mãos Limpas não pode ser responsabilizada pelos problemas político-partidários e pelas mudanças legislativas que passaram a dificultar a investigação de casos de corrupção na Itália. Segundo Moro, a sociedade civil italiana é que não estava forte o suficiente para impedir os efeitos negativos. "Se a Mãos Limpas não tivesse acontecido, a Itália seria pior", declarou. No Brasil, prosseguiu ele, a sociedade precisa evitar que os mesmos efeitos se reproduzam. Afirmou também que a corrupção aumenta se não for enfrentada.
Outros palestrantes
Também fizeram palestras no simpósio o italiano Piercamillo Davigo, magistrado integrante da força-tarefa Mãos Limpas; Rodrigo Chemim, procurador de Justiça do Paraná; e Paulo Roberto Galvão de Carvalho, procurador da República integrante da Lava Jato.
Davigo, o primeiro a falar, comentou em sua palestra que, depois da operação Mãos Limpas, políticos italianos aprovaram mudanças nas leis com o objetivo de dificultar a investigação da corrupção.
Chemim afirmou que a classe política brasileira já iniciou reação semelhante, com propostas que podem dificultar as investigações. Citou como exemplo o fato de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter aberto os debates sobre a reforma do Código Processual Penal.
“Precisamos ficar atentos porque aqui a tendência é repetir [a Itália]. Tudo pode acontecer ali [no Congresso]”, declarou Chemim.
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