Dilma critica Bolsonaro: "É terrível alguém homenagear o maior torturador do Brasil"
A presidente Dilma Rousseff criticou nesta terça-feira (19) o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que homenageou, ao votar pelo impeachment, uma pessoa acusada de tortura durante a ditadura militar (1964-85).
No domingo, quando proferiu seu voto no plenário da Câmara, Bolsonaro exaltou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi e acusado de comandar torturas durante o regime militar.
"Acho lamentável. Eu, de fato, fui presa nos anos 70, de fato conheci bem esse senhor [Ustra] ao qual ele [Bolsonaro] se refere. Ele foi um dos maiores torturadores do Brasil", disse Dilma durante entrevista com jornalistas estrangeiros.
"É terrível ver alguém votando em homenagem ao maior torturador que esse país já conheceu."
Ustra morreu em outubro do ano passado aos 83 anos. Ele chefiou, entre 1970 e 1974, o DOI-Codi de São Paulo, um dos principais centros de repressão do Exército durante a ditadura, e era acusado de ter comandado torturas a presos políticos.
O DOI-Codi foi o maior órgão de repressão aos grupos de esquerda contrários à ditadura militar (1964-85). Ustra sempre negou ter torturado pessoas.
"Eu lastimo que esse momento no Brasil tenha dado abertura à intolerância e ao ódio. Acho gravíssima a aventura golpista porque levou a uma situação que a gente não vivia no Brasil, de ódio, de raiva", declarou Dilma.
Jean Wyllys cospe em Bolsonaro
O polêmico voto de Bolsonaro envolveu uma briga com o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) com direito a cusparada.
Jean Wyllys cuspiu em Bolsonaro após votar. "Eu cuspiria na cara dele quantas vezes eu quisesse", declarou.
"Na hora que eu fui votar, esse canalha decidiu me insultar na saída e tentar agarrar meu braço; ele ou alguém que estivesse perto dele. Quando eu vi o insulto, eu devolvi com um cuspe na cara dele, que é o que ele merece", afirmou.
Bolsonaro disse que a cusparada foi um fato gravíssimo. "Uma cusparada não pode existir no parlamento. Não gosto de processar ninguém, não. Tenho centenas de processos aí por homofobia. Respeito os outros e tenho direito a ser respeitado nas minhas ideias, palavras, votos e opiniões. Uma cusparada foge da normalidade", declarou.
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