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Eleito presidente da Câmara, Maia diz que não vai "perseguir, nem proteger" Cunha

O então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao lado de Rodrigo Maia (DEM-RJ), em 2015 - Ed Ferreira - 14.jul.2015/Folhapress
O então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao lado de Rodrigo Maia (DEM-RJ), em 2015 Imagem: Ed Ferreira - 14.jul.2015/Folhapress

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

14/07/2016 01h19Atualizada em 14/07/2016 12h01

Em entrevista logo após ser eleito presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) na madrugada desta quinta-feira (14) afirmou que não vai “perseguir nem proteger” o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), antecessor dele no cargo e alvo de um processo de cassação na Casa.

“Eu não vou perseguir, nem vou proteger. Dentro da regra do regimento da Casa o processo vai caminhar, sem nenhum tipo de manobra, nem a favor, nem contra. Acho que esse é o papel do presidente”, disse Maia.

O processo contra Cunha está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e deve ser votado em plenário apenas em agosto, após o chamado recesso branco da Câmara, quando não há votações importantes no plenário. O recesso começa na próxima semana.

Maia foi eleito presidente em sessão que começou na noite da quarta-feira (13) e terminou no início desta quinta-feira. Ele venceu Rogério Rosso (PSD-DF), em segundo turno, por uma diferença de 175 votos.

O novo presidente foi questionado sobre o tratamento que dará ao processo de Cunha durante entrevista a jornalistas após a vitória. O partido de Maia, o DEM, tem adotado postura a favor da cassação do deputado do PMDB.

O deputado elogiou a postura de Cunha à frente da presidência.

“O presidente Eduardo Cunha, no plenário, foi talvez o melhor presidente que nós tivemos. Colocava pra pautar a Câmara. Mas acho que talvez tenha sido poder demais”, disse Maia.

Um dos motivos que levou até mesmo deputados de partidos antagonistas ao DEM a apoiar Maia, como PCdoB e PDT, foi a promessa de que ele teria mais independência em relação ao chamado "centrão", grupo de 13 partidos que ganhou ascendência na gestão Cunha e do qual fazem parte a maioria dos aliados do peemedebista. 

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Vitória com a esquerda

Eleito com apoio de partidos da base do governo do presidente interino, Michel Temer, e também de partidos aliados da presidente afastada, Dilma Rousseff, Maia afirmou que não venceria sem o apoio da esquerda e pediu diálogo para construir uma agenda de consenso na Câmara. “O resultado mostra duas coisas. Primeiro, sem a esquerda eu não venceria essas eleições. Sem nenhum compromisso fora do respeito ao direito da minoria”, disse. “E a outra questão: que nós temos capacidade de diálogo. Porque, se a oposição confiou parte dela em votar na nossa candidatura, é porque todos nós juntos temos condições de a partir de amanhã construir uma agenda de consenso, onde o diálogo possa aparecer”, afirmou Maia.

Projetos ‘impopulares’

Maia também disse estar disposto a colocar em votação medidas impopulares na economia, desde que sejam propostas que gerem benefícios a longo prazo no equilíbrio das contas públicas.

“Estou completamente disposto a encontrar pauta que a Câmara acredite, que possa ser impopular no curto prazo, mas que a gente possa olhar o Brasil daqui a cinco anos muito melhor do que o Brasil de hoje, um Brasil crescendo, com taxas de juros menor, menor desemprego”, disse.

“Se uma medida impopular pode gerar esse tipo de impacto no futuro, eu sou 100% a favor. E tenho certezas que os líderes também serão a favor de pautá-la”, afirmou.

Entre as medidas cogitadas pelo governo Temer, mas que ainda não foram enviadas à Câmara, estão a reforma da Previdência e um eventual aumento de impostos.

Maia afirmou nesta quarta-feira que a reforma da Previdência precisa ser debatida para que não traga prejuízo aos beneficiários.

Entre os projetos em tramitação apontados como prioritários por Maia estão o que limita os gastos do poder público, a renegociação da dívida dos Estados e o que regula a participação da Petrobras nos campos do pré-sal.

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