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Justiça do RJ analisará pedidos para apurar se Cabral recebeu R$ 51 mi em caixa 2 e obra do metrô

Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo
Imagem: Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio

13/04/2017 19h26Atualizada em 14/04/2017 11h15

Benedicto Júnior, um dos delatores da Odebrecht, relatou aos investigadores da Lava Jato que o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), preso em novembro passado, recebeu ao menos R$ 51 milhões entre caixa 2 da campanha eleitoral de 2006 e vantagens indevidas referentes às obras da linha 4 do metrô. Os valores constam em dois pedidos de inquéritos que foram remetidos à Justiça do Rio de Janeiro pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).

Os repasses podem ser ainda maiores, uma vez que Cabral também é suspeito de receber vantagens indevidas nas obras do PAC Alemão, na zona norte da capital fluminense.
 
Ao todo, Fachin remeteu três inquéritos para que a Justiça Federal do Rio de Janeiro avalie a abertura. Se as denúncias forem comprovadas, Cabral se tornará réu em consequência de revelações feitas por Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que atuou como diretor na construtora Norberto Odebrecht.
Uma das petições se refere a suspeita de pagamentos indevidos de R$ 36 milhões supostamente solicitados por Cabral no contexto das obras da linha 4 do metrô, que começou a funcionar às vésperas dos Jogos Olímpicos.
 
Benedicto Júnior revelou ainda ter feito repasse ilícito, em dinheiro vivo, no valor de R$ 3 milhões à época da campanha que elegeu Cabral governador do Rio. Ele explicou que a Odebrecht limitava doações lícitas conforme os cargos, a fim de evitar comparações por parte de políticos em diferentes Estados. Candidatos a governador recebiam R$ 100 mil em linha com as regras eleitorais. Valores acima disso eram feitos via caixa dois, segundo o ex-executivo da empresa.
 
Após vencer o pleito no Rio, Cabral teria pedido pagamento de remanescentes da campanha, no valor de R$ 12 milhões. Os repasses, segundo Benedicto Júnior, foram realizados em parcelas mensais de R$ 1 milhão. O delator relatou que a Odebrecht almejava favorecimento em projetos de infraestrutura no Estado.
 
Se autorizada a abertura, outro inquérito deve apurar supostos pagamentos ilícitos feitos a Cabral no contexto do PAC Alemão, obras em que a Odebrecht participou em consórcio com a OAS e Delta. De acordo com o Ministério Público Federal, houve um acerto entre as construtoras de forma a frustrar o caráter competitivo da licitação, sendo que 1% do valor das obras era destinado ao pagamento de agentes públicos por meio do sistema “Drousys”, por meio do qual a Odebrecht controlava o pagamento de propina.

Outro Lado

A defesa de Sérgio Cabral informou que só se manifestará sobre as acusações em juízo.

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