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'Se puder, serei candidato', diz Lula sobre disputar a Presidência em 2018

Do UOL, em São Paulo

20/04/2017 08h48Atualizada em 20/04/2017 12h25

Sem citar os cinco processos nos quais é réu, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que pretende disputar a eleição para o Planalto em 2018. "Vamos esperar o tempo passar para saber se eu posso ser candidato", falou em entrevista à rádio Fan, de Sergipe, na manhã desta quinta-feira (20). Questionado se entraria na eleição pelo Planalto se puder, disse: "serei candidato, sim. Se puder, serei candidato".

Pela Lei da Ficha Limpa, uma pessoa condenada em segunda instância não pode se candidatar. Em nenhum dos cincos processos em que Lula é réu houve sentença do juiz.

Esta é a primeira vez em que Lula afirma mais diretamente que pretende se candidatar em 2018. Anteriormente, o petista falava que estava preparado para o cargo e à disposição caso o PT desejasse que ele concorresse ao cargo.

Eu já perdi a minha cota de eleições que eu tinha de perder em 1989, 1994 e 1998. Depois, eu aprendi a ganhar. Então é o seguinte: se eu for candidato, é para ganhar

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente da República

O petista declarou que é cedo para falar em seu desempenho nas pesquisas "porque ainda faltam praticamente dois anos para as eleições". "Tenho condições de ganhar as eleições porque eu sei cuidar das pessoas mais humildes. Governar esse país é cuidar de quem mais precisa. Rico não precisa de governo.”

Pesquisa inédita do Ibope divulgada hoje mostra que Lula voltou a ser o presidenciável com maior potencial de voto entre nove nomes testados pelo instituto. A última pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial de 2018, realizada em dezembro do ano passado, mostrou Lula em primeiro lugar nas quatros simulações de primeiro turnoPesquisa CNT/MDA, de fevereiro deste ano, também trazia o petista à frente.

"A única coisa que eu tenho certeza é que, se eu for candidato, eu vou querer lembrar a memória do povo do que aconteceu quando eu fui presidente. No período em que governei, diziam que o brasileiro era o povo mais otimista do mundo, mais feliz do mundo. Isso é possível voltar", falou.

Lula evitou avaliar uma possível chapa em que Ciro Gomes (PDT) seria seu vice. "Pelo que sei pela imprensa, o companheiro Ciro é candidato também”.

Esta foi a quarta entrevista que Lula concedeu a rádios do Nordeste em duas semanas. A região é onde o PT obteve os melhores resultados nas últimas quatro eleições presidenciais. O Nordeste também foi a região onde o presidente Michel Temer (PMDB) obteve os piores índices de popularidade, segundo pesquisa Ibope da semana passada.

Depoimento

Em duas semanas, Lula estará frente a frente, pela primeira vez, com o juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na 13ª Vara Federal em Curitiba. O ex-presidente se diz tranquilo para o encontro. “Não vou ter que provar minha inocência, eles que vão ter que provar a minha culpa”.

Lula diz que “o que tiver de falar” será no dia 3 de maio. “Eu até tinha decidido não falar mais sobre a Lava Jato porque tem gente que fala mal de mim 365 dias por ano. Todo o dia o Lula acabou. Não tem uma notícia favorável ao Lula”.

Mais uma vez, o ex-presidente disse que não há provas contra ele. “Duvido que eles encontrem cinquenta centavos meus em algum lugar do mundo. Eles têm que provar tudo que eles falaram até agora. Eu quero que eles apresentem uma conta”.

Lula é acusado de praticar os crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro. Ele seria responsável por comandar uma estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar, assentada na distribuição de cargos públicos na administração pública federal. A denúncia aponta que esse esquema ocorreu nas mais importantes diretorias da Petrobras, mediante a nomeação de Paulo Roberto Costa e Renato Duque para as diretorias de Abastecimento e Serviços da estatal, respectivamente.

A propina seria equivalente a percentuais de 2% a 3% dos oito contratos celebrados entre a Petrobras e a Construtora Norberto Odebrecht S/A, totalizando R$ 75,4 milhões.

Por meio do esquema, diz a denúncia, estes diretores geravam recursos que eram repassados para enriquecimento ilícito do ex-presidente, de agentes políticos e das próprias agremiações que participavam do loteamento dos cargos públicos, bem como para campanhas eleitorais movidas por dinheiro criminoso.