Primo preso de Aécio reclamou de buscar dinheiro: "Olha onde eu tô me metendo"
Preso na quinta-feira (18) na Operação Patmos, o primo do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) Frederico Pacheco de Medeiros reclamou, em conversa gravada pelo executivo do grupo J&F Ricardo Saud, de ter de buscar o dinheiro prometido pela empresa ao tucano.
Aécio foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS. No diálogo, Joesley pergunta como poderia fazer a entrega das malas com os valores. O senador responde: "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu". O “cara seu” foi Saud.
Fred fez três viagens entre São Paulo e Minas Gerais para buscar três dos quatro lotes de R$ 500 mil prometidos por Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS. Na conversa, gravada no dia 20 de abril por Saud, ele reclama da missão passada pelo primo.
“Outro dia eu tava pensando, acordei à 0h30, o que eu tô fazendo? O que eu tenho com isso? Eu não trabalho para o Aécio, eu não sou funcionário público, eu sou empresário. (...) Trabalho pra caralho, Ricardo”, diz ao interlocutor. “Você, não. Você trabalha para uma empresa, você tem uma razão de estar aqui fazendo esse papel.”
Saud o interrompe e tenta relativizar: “É, mas eu não gosto também, não”. Fred volta à carga: “Sim, mas você é o homem de confiança do Joesley, você tem razão de estar aqui”. “Não, claro, faz parte do meu salário”, diz o executivo da J&F.
O que eu ganho? Rosca. Eu só tenho a perder
Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio preso na quinta (18)
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“E eu, e eu, cara?”, questiona Fred. “O que eu ganho? Rosca. Eu só tenho a perder.” O primo de Aécio então descreve seu relacionamento com o tucano. “Eu tenho com o Aécio um compromisso de lealdade que o que precisar eu tenho que fazer. Eu falei: ‘Olha onde eu tô me metendo’.”
Ricardo interrompe e classifica a missão de Fred como “a maior loucura que você fez”. Fred responde: “Amanhã eu tô com ele [Aécio] em Cláudio [MG]. Vou falar que já estive aqui duas vezes, faltam duas. [...] O que você quer que faça nas outras duas? Sou eu de novo?”.
O advogado de Aécio Neves, José Eduardo Alckmin, disse na quinta-feira (18) que o tucano está “inconformado e surpreso" com as acusações. Segundo ele, Aécio foi vítima de uma exposição “descontextualizada das informações”, já que o pedido dos R$ 2 milhões, segundo o defensor, teria sido feito a Batista como um empréstimo pessoal. “Houve [esse empréstimo] para custear a defesa --um empréstimo entre duas pessoas privadas, [sem] nenhuma relação com a função que ele exerce se senador. Empréstimo, pelo que se sabe, ainda não é crime”, disse.
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