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Investigado pelo Supremo, Temer condecora três ministros do tribunal

O presidente Michel Temer (último da esquerda) participa de cerimônia de condecoração - Ueslei Marcelino/Reuters
O presidente Michel Temer (último da esquerda) participa de cerimônia de condecoração Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/06/2017 11h16

Investigado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente da República, Michel Temer (PMDB), condecorou nesta sexta-feira (9) três ministros do tribunal com a Medalha da Ordem do Mérito Naval. São eles: Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte, Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

O ministro Fachin não foi à cerimônia em Brasília, pois tem um evento marcado para a tarde desta sexta-feira em Curitiba. Outras autoridades agraciadas com a medalha foram os ministros do governo Dyogo Oliveira (Planejamento) e Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União) e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfjan.

Temer é alvo de inquérito no STF, derivado de delação premiada do empresário da JBS Joesley Batista, por suspeita de envolvimento nos crimes de corrupção, obstrução à justiça e organização criminosa.

Embora a perícia do áudio que deu impulso ao inquérito ainda não tenha data de conclusão, o presidente tem até esta sexta-feira para responder a 82 perguntas enviadas pela Polícia Federal, grande parte delas relacionada ao seu envolvimento com seu ex-assessor e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), preso no último sábado (3).

O Planalto também já trabalha com a hipótese de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nas próximas semanas uma denúncia ao STF contra Temer. Se acontecer, a denúncia será enviada à presidente do tribunal, Cármen Lúcia, e então repassada ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que tem de autorizar sua tramitação na Casa.

Palacianos acreditam que o ato de Janot ocorra após o fim do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Quanto ao resultado na Corte, que pode ser conhecido nesta sexta (9), a expectativa do placar é de 4 votos favoráveis à manutenção da chapa e 3 contra, resultado que, se confirmado, manteria Temer na Presidência.

'Crise não será mais forte que nós', diz comandante da Marinha

Durante o evento, o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacelar Leal Ferreira, disse que "por mais grave" que a crise se apresente, ela "não será mais forte do que nós".

Ele reconheceu que "vivemos tempos difíceis e incertos", mas pediu aos militares que mantenham "hierarquia e disciplina". Ele avisou ainda que a Marinha junto com Exército e Aeronáutica "cumprirão rigorosamente os deveres constitucionais".

O almirante, que usou sua ordem do dia para comparar o enfrentamento e a Vitória do almirante Barroso na batalha de Riachuelo com as "condições adversas" enfrentadas hoje no país, disse que é preciso "enfrentar as dificuldades do presente com coragem e determinação" diante das condições adversas, salientando que, como atrás, os problemas serão vencidos.

O almirante pediu ainda que sejam mantidos os recursos para a Marinha continuar a defender o Brasil "a despeito dos problemas internos", já que existem também problemas externos ameaçando a paz.

A condecoração

A Medalha da Ordem do Mérito Naval foi criada em 1934 e tem como objetivo agraciar militares da Marinha que se destacaram ao longo da carreira, mas também personalidades e corporações, civis e militares, nacionais ou estrangeiras, que tenham prestado serviços relevantes à Marinha brasileira.

A cerimônia acontece sempre próximo à data do Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, comemorado em 11 de junho e que em 2017 completa 152 anos. A Batalha aconteceu na Argentina com brasileiros e paraguaios em lados opostos quando o país vizinho buscava uma saída para o mar por meio do controle da Bacia do Prata. Na ocasião, a Marinha do Brasil afundou quatro embarcações inimigas e pôs fim à disputa.