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"Não estamos ocupados somente com as pedras no caminho", diz Temer

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

06/07/2017 15h19Atualizada em 06/07/2017 15h58

Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta quinta-feira (6), o presidente da República, Michel Temer, afirmou que o governo não está ocupado somente com as “pedras no caminho”, sem citar fatos específicos. No entanto, nas últimas semanas, o presidente tem reforçado a busca pelo apoio da base frente à crise política desencadeada no país com a delação premiada de executivos da JBS, que culminou em denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

“Podem ter certeza: não estamos ocupados somente com as pedras no caminho. Estamos fazendo a tarefa de casa. Estamos fazendo a travessia, mas os resultados positivos não param por aí”, falou ao citar dados econômicos do Brasil.

Segundo Temer, o Brasil é “outro” e usou como exemplos de “bons resultados” a redução da meta da inflação pelo Banco Central, a queda dos juros e a aprovação da Medida Provisória que define regras para a regularização fundiária urbana pela Câmara dos Deputados.

“Uma semana produtiva e de boas novas para os brasileiros. O Brasil avança e a gente não perde a disposição de reencontrar o caminho do crescimento”, disse.

Ele ainda aproveitou a oportunidade para falar sobre geração de emprego, aumento no faturamento real da indústria em maio, o crescimento na venda de veículos e elogiar a aprovação do requerimento de urgência para a reforma trabalhista pelo Senado. A expectativa do Planalto é que a proposta seja aprovada em plenário na semana que vem.

Por todos os pontos apontados, reforçou, “há motivo para otimismo”, pois a recuperação é “inequívoca”. "Para mim, o melhor é o retorno da confiança no país. Isso me alegra muito. Voltando a acreditar, o emprego vem na hora."

O vídeo foi gravado nesta quinta no Palácio do Planalto e publicado logo após o embarque de Michel Temer e a comitiva brasileira para a cúpula do G20, que reúne as 20 maiores potências mundiais, em Hamburgo, na Alemanha.

Na fala, Temer afirmou viajar para defender a abertura de novos mercados, a economia brasileira e os interesses do país. Segundo apurou o UOL, durante os trabalhos do G20, a comitiva vai focar na retomada do crescimento econômico do país e reforçar que, em um momento de grande protecionismo por parte das potências mundiais, o Brasil defende a agenda da inclusão.

Como exemplo, serão citadas as concessões e aberturas para investidores estrangeiros promovidas pelo governo. Também serão lembradas as reformas propostas pelo Planalto, como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Teto de Gastos Públicos e a da Previdência.

Na avaliação de assessores de Temer, os interesses econômicos de grupos multinacionais devem se sobrepor à grave crise política enfrentada. Isso especialmente por causa dos leilões de óleo e gás programados para o segundo semestre deste ano.

Temer no G20

O presidente viajou no início da tarde desta quinta-feira (6) para a cúpula do G20, grupo que reúne as 20 maiores potências mundiais, que acontecerá nesta sexta (7) e neste sábado (8), em Hamburgo, na Alemanha.

Quem assumirá a Presidência da República pelos próximos dias será o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Será a primeira vez que Eunício ocupará o cargo mais importante do Executivo. Isso porque o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha sucessória, viajou pela manhã para a Argentina.

A comitiva de Michel Temer será formada pelos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores), assessores e o deputado federal Beto Mansur (PRB-SP), um dos integrantes da chamada “tropa de choque” do presidente.

O presidente Michel Temer deverá chegar em Hamburgo por volta das 6h desta sexta, no horário local da cidade alemã, 5 horas à frente do horário de Brasília. Às 9h, ele se reunirá com os chefes de Estado dos países do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os participantes previstos no encontro são Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia), Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul). A reunião dessa semana será preparatória para a cúpula oficial do Brics a ser realizada em 3 e 4 de setembro em Xiamen, na China.

Ao longo do dia, ele participará de encontros com presidentes e primeiros-ministros, no centro de convenções de Hamburgo, em que tratarão de temas como economia, meio-ambiente, migração e terrorismo. Na sexta, também será tirada a chamada “foto de família”, que reunirá todos os integrantes da cúpula. À noite, todos irão assistir juntos a um espetáculo da Orquestra Filarmônica de Hamburgo na Elbphilharmonie, uma das melhores salas de concerto do mundo.

Os trabalhos do G20 continuarão pela manhã de sábado. Após o almoço, Michel Temer deverá retornar ao Brasil.

Recuo do cancelamento

Inicialmente, o presidente Michel Temer havia cancelado a ida ao G20 sem que houvesse uma justificativa oficial para o cancelamento. Segundo apurou o UOL, o agravamento da crise política no país que atinge especialmente o peemedebista seria o motivo.

Porém, na segunda-feira (3), Temer voltou atrás e decidiu ir à reunião. Tradicionalmente, todos os presidentes dos países componentes do grupo costumam ir às cúpulas para discutir questões da agenda internacional.

A primeira reunião entre chefes de Estado aconteceu em 2008 em Washington, nos Estados Unidos. Ministros da Fazenda e chefes de bancos centrais já se encontram com regularidade desde 1999. A edição de 2017 ficará sob o comando de Angela Merkel.

O G20 é composto por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos e a União Europeia.