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Em semana decisiva, ordem é cancelar viagens e trazer ministros de volta à Câmara

Um dos ministros que cancelaram viagem ao exterior foi Leonardo Picciani (Esporte) - Presidência da República
Um dos ministros que cancelaram viagem ao exterior foi Leonardo Picciani (Esporte) Imagem: Presidência da República

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

11/07/2017 04h00

Em semana decisiva com o parecer e a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, a ordem do Planalto é que ministros e deputados aliados cancelem viagens para reforçar a busca de votos favoráveis ao presidente e aumentar o quórum governista na Casa.

Outra ação já programada pela base é fazer voltar à Câmara os ministros que se licenciaram do mandato legislativo ao assumir as pastas. A finalidade também é garantir a quantidade de votos necessários – 172, ao todo – para barrar a denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) no plenário, onde ela deve chegar no início da próxima semana.

“A gente precisa ter o máximo de aliados aqui nessa semana e na próxima para a rejeição da denúncia. Não dá para dispersar nesse momento. A ordem foi todo mundo cancelar as viagens”, afirmou um integrante da tropa de choque de Temer.

A previsão do Planalto é que na CCJ, com as trocas de parlamentares e permanência de aliados em Brasília, Temer consiga entre 39 e 41 votos após o relator Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) apresentar um parecer desfavorável ao presidente.

Denúncia contra Temer não é inepta, diz Zveiter

UOL Notícias

Viagens canceladas

Um dos que cancelaram viagem ao exterior foi o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), apurou o UOL. Ele iria para a Inglaterra e Rússia entre os dias 9 e 16 deste mês. Na missão, visitaria as instalações do Grand Slam de Wimbledon, em Londres, e participaria de uma conferência em Kazan. A ida foi autorizada no Diário Oficial da União em 23 de junho.

viagem picciani - Reprodução - Reprodução
Diário Oficial publicou autorização para viagem de Leonardo Picciani no dia 22 de junho
Imagem: Reprodução

Questionada sobre o cancelamento da viagem, a assessoria do ministro informou que Picciani permaneceu no Brasil para se dedicar à aprovação de uma Medida Provisória que transforma a Autoridade Pública Olímpica em Autoridade de Governança do Legado Olímpico). A medida precisa ser aprovada até o dia 17 de julho, antes do recesso do Congresso Nacional, para não perder a validade.

Outro aliado de Michel Temer que decidiu não viajar em missão prevista com antecedência para votar contra a denúncia foi o deputado federal e titular da CCJ Hildo Rocha (PMDB-MA), de acordo com um dos líderes do governo no Congresso. Como integrante da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, Rocha viajaria neste domingo (9) para Londres junto a Wilson Filho (PTB-PB), Felipe Bornier (Pros-RJ) e Jorge Solla (PT-BA).

Rocha está em Brasília e, dos quatro deputados, foi o único a não viajar. Nesta segunda-feira (10), inclusive, ele esteve com o presidente Michel Temer no Palácio do Planalto com deputados maranhenses e o presidente da Federação dos Municípios do Estado, Cleomar Tema.

Na capital inglesa, os demais parlamentares terão reuniões com representantes do Tribunal de Contas e a comissão de fiscalização homóloga. A volta do grupo está programada para sexta-feira (14), quando já deve ter acontecido a votação da denúncia na CCJ. O UOL não conseguiu contato com o assessor de imprensa de Hildo Rocha.

Ministros voltam para a Câmara

Como já aconteceu em outras ocasiões em que o governo precisava reforçar o quórum em votações no plenário de matérias consideradas essenciais, os ministros de Estado que estão de licença do mandato de deputado federal deverão voltar para a Câmara, apurou o UOL. Se todos retornarem para ajudar a barrar a denúncia, o governo aumenta em 12 votos os a favor de Temer.

Os ministros licenciados da Câmara são Leonardo Picciani (Esporte), Raul Jungmann (Defesa), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Mendonça Filho (Educação), Maurício Quintella (Transportes), Bruno Araújo (Cidades), Marx Beltrão (Turismo), Ricardo Barros (Saúde), Sarney Filho (Meio Ambiente), Osmar Terra (Desenvolvimento Social), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Ronaldo Nogueira (Trabalho).

A volta deles, porém, só deve acontecer na semana que vem, quando a denúncia chegar ao plenário, afirmou um auxiliar de Temer ao UOL. Por enquanto, continuam a trabalhar nos bastidores na busca de apoio ao presidente. Todos os citados acima estiveram na reunião ministerial convocada por Temer na última quarta-feira (5).