Mesmo rachado, PSDB ajuda a barrar investigação de corrupção contra Temer
Dividido pelo apoio ao presidente Michel Temer, o PSDB - segunda maior bancada da Câmara dos Deputados, atrás apenas do PMDB - contribuiu para impedir a investigação contra o peemedebista no STF (Supremo Tribunal Federal).
Em votação realizada nesta quarta-feira (02), dos 47 deputados do partido na Câmara, 22 votaram "sim", por barrar a denúncia, e quatro se ausentaram, o que acabou computando favoravelmente ao arquivamento. Os outros 21 votaram "não", pelo prosseguimento da denúncia, e foram derrotados ao lado da oposição.
Os votos "sim" eram favoráveis ao parecer do deputado Abi-Ackel (PSDB-MG), que pedia o arquivamento da denúncia. Votos "não" eram contra o relatório e a favor da investigação.
Os votos pró-Temer ocorreram mesmo com a orientação da liderança do partido na Casa, que sugeriu que seus parlamentares se manifestassem pela admissibilidade da denúncia.
Entre os deputados que ajudaram o presidente estão Bruno Araújo (PE) e Antonio Imbassahy (BA), que ocupam respectivamente o Ministério das Cidades e a Secretaria de Governo, mas que foram exonerados para que votassem a favor de Temer.
Imbassahy, inclusive, agiu no plenário da Câmara, com a negociação de emendas, para obter votos de deputados indecisos.
A PGR (Procuradoria-Geral da República) acusa Michel Temer de corrupção passiva, por receber indiretamente propina paga pelos donos do frigorífico JBS em troca de benefícios do governo. O presidente nega as acusações.
Encaminhamento
O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), evocou uma das principais lideranças do partido, o ex-governador paulista Mário Covas, para a votação, mas sem sucesso.
Ele relembrou uma frase atribuída a Covas para demonstrar independência no Parlamento. "Desejo morrer réu do crime da boa-fé, antes que portador do pecado da desconfiança", disse.
Segundo ele, o parecer do deputado Paulo Abi-Ackel (MG) contra a abertura do processo não representa o partido e nem foi respaldado previamente pelos colegas da bancada.
"É preciso lembrar que o presidente não negou o encontro ocorrido ou o teor do que foi gravado. E o que veio a público, infelizmente, é sim, no mínimo, impróprio”, disse Tripoli ao se referir à conversa de Temer com o empresário Joesley Batista, que foi gravada pelo executivo e usada como base na denúncia da PGR.
No discurso antes de iniciar a votação, o deputado chamou a atenção para os “interesses políticos” em jogo na histórica votação. De um lado, os que buscam a destituição do presidente por revanchismo e vingança, e, de outro, os que defendem a continuidade do governo “acima de tudo e a qualquer preço”.
Segundo o deputado, não estão ameaçadas a liberdade e a democracia, mas sim a descrença nas instituições e a desesperança na política.
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