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Com gritos de "Fora, Doria", manifestantes protestam contra prefeito de SP em Natal

Manifestantes protestam com o prefeito João Doria em Natal - Ricardo Araújo/Estadão Conteúdo - Ricardo Araújo/Estadão Conteúdo
Manifestantes protestam com o prefeito João Doria em Natal
Imagem: Ricardo Araújo/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

16/08/2017 13h09Atualizada em 16/08/2017 14h51

Representantes de coletivos e movimentos sociais realizaram um protesto nesta quarta-feira (16), em Natal, contra o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano está na capital potiguar para receber o título de “Cidadão Natalense” concedido pela Câmara de Vereadores. A cerimônia, prevista para as 11h, teve início por volta das 12h50 em decorrência da manifestação.

Sob gritos de “Fora, Doria” e “Doria entreguista, ladrão oportunista”, os manifestantes ocuparam parte do shopping Midway Mall, onde está localizado o Teatro Riachuelo, palco da entrega da homenagem --a terceira do tipo concedida a Doria, em uma semana, fora do Estado de São Paulo. Na primeira, semana passada, em Salvador, o prefeito foi alvo de ovos atirados por grupos contrários a ele.

Os manifestantes que foram hoje ao shopping em Natal seguraram cartazes em que acusavam o prefeito paulistano de ser hostil aos direitos humanos --sobretudo às pessoas em situação de rua na capital paulista.

“Dória não! Tirar cobertor é desumano”, dizia um dos cartazes, em menção à ação de funcionários terceirizados da prefeitura que, no mês passado, segundo reportagem da rádio CBN, retiraram moradores da praça da Sé, em uma manhã de pouco mais de 7ºC, com jatos d’água.

À época, o prefeito classificou o caso como "um descuido". Ele negou, no entanto, que a água tivesse atingido as pessoas em situação de rua --que relataram à rádio o contrário-- e afirmou que apenas os cobertores haviam sido molhados. “Jamais nenhum profissional, seja da prefeitura ou terceirizado, jogou jatos d´água nas pessoas”, alegou Doria na ocasião.

O teatro e o shopping onde a homenagem será entregue pertencem ao empresário Flávio Rocha, executivo do Grupo Guararapes e amigo pessoal de Doria. Ele também é homenageado pelos vereadores, com a medalha Frei Miguelinho, e se tornou outro alvo dos manifestantes.

“Não podemos permitir que a Câmara, que, teoricamente, representaria o povo, dê esse título a um homem que oprime a população de rua --que já é alguém que não tem nada, além da esperança da sobrevivência. Vamos unir forças para dizer que não, Doria, você nunca será cidadão natalense”, defendeu, no protesto, o representante do movimento por moradia do Rio Grande do Norte, Vanílson Torres.

“Você não nos representa. O que você quer é a candidatura à Presidência”, completou o ativista, lembrando dos episódios sobre as pessoas em situação de rua, em São Paulo, e da extinção, pela gestão Doria, do programa De Braços Abertos, da gestão Fernando Haddad (PT), voltado a dependentes de crack e substituído pelo programa Redenção.

“Doria nunca será natalense” era a inscrição de outros cartazes do ato.

Além de representantes do movimento por moradia, o protesto contou com faixas ligadas à UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e aos estudantes secundaristas. “Aqui em Natal não vai ter ovo, não, vai ter luta”, gritou um dos manifestantes em alusão à ovada em Salvador. “É preciso fazer essa pressão, senão esse título [de cidadão natalense] vai virar lixo, vai ser dado a qualquer um, segundo as conveniências políticas”, afirmou outro manifestante.

O título a ser recebido por Doria foi proposto pelo presidente afastado da Câmara Municipal, vereador Raniere Barbosa (PDT). O parlamentar é acusado de desviar cerca de R$ 22 milhões da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos por meio de superfaturamento de contratos.

O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), foi convidado a participar da cerimônia, mas, em decorrência da Operação Anteros, desmarcou presença. A operação foi deflagrada nessa terça-feira (15) pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República. O governador, cujo apartamento foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal, é apontado como principal beneficiário de esquema de desvio de dinheiro da Assembleia Legislativa, enquanto presidiu a Casa de 2003 a 2010, na ordem de R$ 5,5 milhões.

A segurança no local foi reforçada e o acesso ao Teatro Riachuelo é liberada somente aos convidados do evento e jornalistas credenciados. 

A reportagem do UOL procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo sobre a manifestação, mas até o momento não obteve retorno. 

*Com informações da Estadão Conteúdo