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Mais novo do Brasil, Partido da Mulher perde seu último deputado federal

O deputado federal Weliton Prado (MG) trocou o PMB pelo Pros na terça-feira (15) - Walterson Rosa/Framephoto
O deputado federal Weliton Prado (MG) trocou o PMB pelo Pros na terça-feira (15) Imagem: Walterson Rosa/Framephoto

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

18/08/2017 04h00

Menos de três meses depois de ter sido registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no fim de setembro de 2015, o PMB (Partido da Mulher Brasileira) havia atraído 21 deputados federais e um senador. A caçula das 35 siglas oficializadas no país chegou a ostentar uma bancada maior que as de 16 legendas na atual composição do Congresso Nacional.

Mas o crescimento da representação federal do partido foi tão rápido quanto efêmero. Uma evasão em massa durante três meses deixou o PMB com apenas um parlamentar em Brasília. Até que, na última terça-feira (15), o partido perdeu seu único deputado federal, Weliton Prado (MG), que migrou para o Pros.

Com a saída de Prado, a legenda se juntou a outras oito --Novo, PPL, PCO, PSDC, PRTB, PCB, PSTU e PMN-- que não têm representação no Congresso.

A saída do último parlamentar não tem apenas sentido simbólico ao PMB, mas também representa uma perda prática de poder e de direitos.

Sem ter representação em pelo menos uma das duas Casas do Parlamento federal, um partido deixa de ter prerrogativas garantidas pela Constituição.

O professor de direito constitucional da USP (Universidade de São Paulo) Rubens Beçak, lembra que a legenda deixou de poder apresentar Adins (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) e ADCs (Ações Declaratórias de Constitucionalidade). O acesso ao fundo partidário, que é relacionado ao tamanho da bancada, também é afetado.

“Tendo uma representação no Congresso, você tem um cabedal ao seu dispor que lhe dá uma força tremenda, além de ter acesso às chamadas mordomias --carros, gabinetes, cargos comissionados”, analisa Beçak.

Apesar de ter perdido espaço em Brasília, o PMB tem quatro deputados estaduais, quatro prefeitos e 208 vereadores pelo Brasil.

"Saída amigável"

A reportagem do UOL procurou o deputado Weliton Prado nesta quinta (17) para questionar o motivo de sua troca de partido, mas um funcionário de seu gabinete na Câmara informou que ele estava em uma reunião e prometeu avisá-lo para que ele retornasse a ligação, o que não ocorreu até o fim do dia.

Em nota divulgada na quarta (16), a presidente nacional do PMB, Suêd Haidar Nogueira, afirmou que Prado se desfiliou da sigla “por entender que não caminhava mais politicamente em consonância com nossos ideais”.

Suêd disse ainda que a saída ocorreu “de forma tranquila e amigável” e agradeceu, em nome do partido, pela contribuição prestada pelo parlamentar.

A reportagem tentou entrar em contato com a dirigente partidária, mas as ligações feitas ao telefone disponível no site oficial do PMB não foram atendidas –e nem o e-mail com a solicitação de entrevista foi respondido.

Partido da Mulher?

Ao longo da trajetória do Partido da Mulher Brasileira no Congresso, apenas duas parlamentares que se filiaram à sigla eram mulheres: Brunny (PR-MG) e Dâmina Pereira (PSL-MG).

Na área dedicada a expor a história do partido no site oficial, Suêd explica que a legenda foi criada após se “verificar uma necessidade de aumentar a participação das mulheres em todos os setores da sociedade, mas sem excluir a participação masculina”.

“O PMB é uma legenda capaz de defender o reconhecimento não só da mulher, mas também dos homens, garantindo em um mundo globalizado, o desenvolvimento do país como um todo”, diz o texto oficial.