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"São denúncias de um procurador em fim de carreira", diz Kakay, advogado de Jucá e Sarney

O advogado Kakay defende Jucá (PMDB-RR) e Sarney (PMDB-AP) - Roberto Jayme/UOL
O advogado Kakay defende Jucá (PMDB-RR) e Sarney (PMDB-AP) Imagem: Roberto Jayme/UOL

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

25/08/2017 17h48Atualizada em 25/08/2017 18h16

Logo após ser informado da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra caciques do PMDB nesta sexta-feira (25), o criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro Kakay acusou o procurador-geral, Rodrigo Janot, de apresentar denúncias em série "sem indícios", porque está em "fim de carreira".

"Essa denúncia é uma demonstração clara de um procurador em final de carreira e que quer se posicionar frente à opinião pública. [A denúncia] é baseada na delação que já está desmoralizada, a do ex-senador Sergio Machado", afirmou ao UOL. O criminalista afirma que a denúncia faz jus "à despedida do dr. Rodrigo Janot".

Janot denunciou nesta sexta os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Garibaldi Alves (PMDB-RN), Valdir Raupp (PMDB-RO) e o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP). Também foram denunciados os delatores Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, e Fernando Reis, da Odebrecht, além de Luiz Fernando Nave Maramaldo e Nelson Cortonesi Maramaldo, da NM Engenharia.

Kakay, que faz a defesa de Jucá e Sarney, diz que as denúncias desta sexta não foram motivadas por critérios técnicos. "São denúncias de um procurador em final de carreira." Janot deixará o comando da PGR em 17 de setembro.

Na segunda-feira (21), o senador Romero Jucá fez críticas semelhantes contra Janot, após ser denunciado pela PGR no âmbito da Operação Zelotes. Na ocasião, o parlamentar afirmou que era um “ato de despedida" do procurador. 

A denúncia desta sexta é baseada, segundo o advogado, na delação "desmoralizada" de Sergio Machado. "A PF inclusive recomendou expressamente que o delator perdesse os benefícios".

O criminalista se refere ao relatório da delegada Graziela Machado da Costa e Silva que desqualificou a colaboração de Machado que, para se livrar da prisão, gravou conversas com os caciques do PMDB, Calheiros, Jucá e Sarney, nas quais predominou suposta tentativa de obstrução da Operação Lava Jato.

Denúncia

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou nesta sexta-feira (25) os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Garibaldi Alves (PMDB-RN) na Operação Lava Jato. A acusação diz respeito a inquérito sobre irregularidades na Transpetro, estatal ligada à Petrobras.

Também foram denunciados o ex-presidente da República e ex-senador José Sarney (PMDB-AP), o ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado (PMDB-CE), os empresários Nelson Maramaldo e Luiz Maramaldo, da NM Engenharia, e Fernando Reis, executivo da Odebrecht Ambiental.
Sérgio Machado e os políticos do PMDB foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Os empresários da NM e da Odebrecht foram denunciados pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A corrupção ativa é cometida pelo corruptor, que oferece dinheiro ou vantagem ao agente público. Estes, ao prometer beneficiar ilegalmente um particular em troca de vantagens, cometem o crime de corrupção passiva.

A investigação utilizou elementos das delações premiadas de Sérgio Machado, Fernando Reis e Luiz Fernando Maramaldo.

O presidente Michel Temer (PMDB) é citado pela PGR como autor de um pedido a Raupp para que solicitasse a Sérgio Machado dinheiro para a campanha de Gabriel Chalita a prefeito de São Paulo, nas eleições de 2012. No entanto, pela Constituição, o presidente da República não pode ser investigado por fatos ocorridos antes do mandato.