Em evento do PCdoB, Maia defende "novo centro", e Fufuca faz discurso "do coração"
O presidente da República em exercício, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta quarta-feira (30) a existência de um “novo centro” como espaço de diálogo entre partidos políticos de diferentes pensamentos ideológicos. A declaração foi dada durante um evento promovido pelo PCdoB na Câmara.
Maia, que comanda a República até a volta de Michel Temer (PMDB) da China, em 6 de setembro, saiu do Palácio do Planalto e compareceu à solenidade de lançamento do XIV Congresso do PCdoB. Ao lado do presidente da Câmara em exercício, André Fufuca (PP-MA), entre demais políticos e autoridades, ele discursou por cerca de cinco minutos sobre a necessidade de se pacificar o país e sair da crise político-econômica vivida.
Segundo Maia, está “na moda” se falar em centro, mas é preciso entender que o espaço, no sentido figurado, não deve ser um ambiente em que cada um precise abrir mão de suas ideias, convicções e princípios. Para ele, o novo centro deve servir como ponto de partida para um diálogo entre partidos e grupos com posicionamentos distintos.
“O centro, penso eu, daqui para a frente, é um ambiente onde as pessoas querem uma democracia forte, as instituições independentes e mais harmônicas”, declarou. “O centro é o espaço em que o PCdoB pode conversar com os Democratas, o PSDB, o PT. Onde todos precisam dialogar para tirar o Brasil dessa grave crise política, ética e econômica que vivemos”.
Rodrigo Maia ainda falou que todos concordam em superar a crise e retomar o crescimento econômico, mas a diferença está nos “caminhos distintos para se chegar ao mesmo objetivo”. Com o centro, seria possível um consenso e maioria para aprovar pautas importantes para a sociedade brasileira, argumentou.
Embora tenha prestigiado o evento, o presidente da República em exercício estava visivelmente incomodado com o espaço apertado e o calor no salão nobre da Casa. Outro fator de incômodo foi a longa lista de convidados anunciados pela deputada Alice Portugal (PCdoB), que elencou a presença de pelo menos 30 parlamentares e autoridades. A deputada até errou o sobrenome da própria presidente do partido, Luciana Santos, a quem chamou de “Silva”.
No início da solenidade, Maia mexeu no celular e leu a revista do PCdoB distribuída ao público. Um dos artigos da publicação tinha como título “O governo ilegítimo contra o Brasil e o povo”. O partido faz oposição ao governo Temer.
Discurso "do coração"
André Fufuca também aproveitou para falar na ocasião, mesmo que por cerca de três minutos, e se mostrou à vontade. Ele preferiu não ler o discurso, mas “falar do coração”. “O discurso escrito é como uma flor que você tira da planta. Ela perde o cheiro, perde a essência, perde a cor”, falou, arrancando aplausos de parte da plateia.
Fufuca relembrou de forma breve a história do PCdoB e disse que o partido é a “fênix” do Brasil por suas ações em defesa da democracia.
O discurso mais incisivo contra o governo foi da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Enquanto ela falava, o desconforto de Maia se acentuou. Gleisi afirmou que “tudo o que construímos [governos PT] está sendo desmontado” no governo de Michel Temer e o país não melhorou “absolutamente nada” neste último ano.
A senadora também lembrou o aniversário de um ano do impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff nesta quinta (31). Em resposta à fala de Maia, disse que é preciso dialogar, mas, ao mesmo tempo, ter posicionamentos firmes.
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