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Jucá defende indicações de partidos em reforma ministerial e fala em "crivo de qualidade"

O senador Romero Jucá, do PMDB - Foto: ABr
O senador Romero Jucá, do PMDB Imagem: Foto: ABr

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

14/11/2017 13h26Atualizada em 14/11/2017 16h09

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu nesta terça-feira (14) indicações por parte dos partidos na reforma ministerial a ser promovida pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB), e afirmou que os nomes sugeridos passam por um “crivo de qualidade”.

“Nós temos de ocupar esse espaço com nomes bons, preparados, com perfil adequado para tocar o ministério. Não há nenhum problema em algum nome ser indicado por partido político. A decisão final é do presidente da República e o nome passa por um crivo de qualidade. [...] Levará em conta critérios técnicos, políticos e administrativos”, declarou.

Temer vinha planejando realizar uma reforma ministerial, mas decidiu acelerar seus planos depois que, na segunda-feira (13) o então ministro das Cidades, Bruno Araújo, pediu exoneração por não ter mais apoio do PSDB para continuar no cargo.

Os tucanos vivem há meses um racha interno entre os que defendem o desembarque do governo e os que querem permanecer aliados do Planalto.

A mudança nos comandos das pastas deve ser finalizada até meados de dezembro, segundo a Presidência.

A estimativa é que 17 titulares de pastas serão trocados para participarem do pleito de 2018, segundo Jucá. Para o líder, a reforma teve de ser antecipada com a saída de Bruno Araújo porque há ministério vago, mas Temer já avalia como proceder.

“É uma reforma ampla. São 17 ministérios que ficarão vagos no prazo que o presidente determinar, então cabe ao presidente agora começar esse processo e ele vai definir o ritmo das mudanças. É muito importante que esse entendimento possa ser construído com os partidos políticos e a Câmara até para aprovar e agilizar as matérias na Câmara”, afirmou.

Ainda de acordo com Jucá, a reforma deve ajudar o governo a aprovar a reforma da Previdência ao levar em consideração a base partidária. Ele disse esperar que as mudanças na Previdência sejam aprovadas na Câmara até o fim do ano e até o início do ano que vem no Senado.

Com a reforma, o governo buscará agradar os partidos da base aliada, como o próprio PMDB, e do centrão, como PP, PR, PSC, Pros, PTB, PSD, PRB, Avante, PSL e Solidariedade. O objetivo é aprovar a reforma da Previdência ainda neste ano na Câmara. O assunto é uma prioridade para a gestão Temer.

Esses partidos também ajudaram a arquivar na Câmara a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

Jucá negou saber indicações já feitas ao presidente e ressaltou que a acomodação da base aliada na Esplanada não é um feito somente do governo Temer, mas também dos governos petistas e tucanos.

Nesta segunda, Temer já se encontrou com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), no gabinete do Planalto. O PP clama para si o Ministério das Cidades. A expectativa é que o presidente continue a promover reuniões para ouvir os insatisfeitos e anote os nomes pleiteados por cada partido.

Ministros indicados como "notáveis"

Em evento em Brasília no início do ano, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o governo escolhia os auxiliares de acordo com os votos que estes poderiam garantir em matérias de interesse do Planalto no Congresso. Segundo ele, foi assim com a escolha de Ricardo Barros (PP-PR) para o Ministério da Saúde.

“A Saúde é de vocês, mas gostaríamos de ter um notável. Diz para o presidente que nosso notável é o deputado Ricardo Barros”, teria dito o PP, segundo Padilha. O governo então teria questionado se o partido garantiria todos os votos da sigla em votações. Ao obter uma resposta afirmativa, o governo teria falado, contou Padilha: “Então o Ricardo será o notável.”