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Sob gritos de 'viva a direita', Temer diz que Brasil tem 'tendência para autoritarismo'

Ex-sócio de Temer, empresário ironiza Lula em encontro com presidente

UOL Notícias

Janaína Garcia

Do UOL, em Itu

15/11/2017 12h44

O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou nesta quarta-feira (15), em agenda oficial na cidade de Itu (SP), que é preciso “prestigiar” princípios constitucionais a fim de a sociedade “não caminhar para o autoritarismo e para certa centralização”.

“Se nós não prestigiarmos certos princípios constitucionais, nossa tendência é sempre caminhar para o autoritarismo, para uma certa centralização. [Porque] Temos uma certa tendência para a centralização”, afirmou Temer, para, em seguida, justificar a presença na cidade no feriado de proclamação da República: “Não é apenas em função do município, mas pela simbologia de aqui termos inaugurado uma fórmula que, a rigor, deveria impedir movimentos centralizadores”.

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Sobre os "movimentos centralizadores", Temer citou os anos de Getúlio Vargas -- ainda que não nominando o ex-presidente-- como de "centralização absoluta" e o período de ditadura militar, a partir de 1964, mas avaliou que eles "não ocorrem só por um golpe de Estado, mas porque a população os acaba desejando". 

Já a respeito do regime militar, Temer o destacou, por exemplo, como aquele  "em que vários movimentos pleiteavam a concentração de poderes, e, com isso, destruía-se um dos princípios republicanos que era a harmonia e a independência de poderes".

Temer se referiu ao fato de a cidade de 407 anos, parte de seu reduto eleitoral no Estado --ele é da vizinha Tietê--, ter sediado a reunião que selou o fim da monarquia, no final do século 19, por iniciativa do movimento republicano.

“Hoje as instituições funcionam tranquilamente no nosso país; o Executivo, o Legislativo e o Judiciário exercem suas funções; a autonomia está vigente nos Estados e nos municípios”, disse Temer, que enalteceu, por parte de seu governo, “a ideia do diálogo” com a sociedade e o Congresso e a “responsabilidade fiscal, como a PEC do Teto”.

O peemedebista cumpriu agenda na cidade pela homenagem de “Cidadania Ituana” concedida ao empresário, ex-vice-presidente da Fiesp e ex-sócio em escritório de advocacia com Temer, nos anos 1960, José Eduardo Bandeira de Mello. Antes da homenagem, ele participou de um ato simbólico no gabinete do prefeito Guilherme Gazzola (PTB) ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), como se tivesse despachado no local.

A última visita oficial de Temer a Itu havia sido em 2013, ainda na condição de vice-presidente, convidado para a inauguração de uma sala, com seu nome, na Faditu (Faculdade de Direito de Itu). O peemedebista é professor emérito da instituição, onde lecionou na disciplina de direito constitucional.

Antes de a cerimônia ter início, um grupo de aproximadamente 20 pessoas foi à entrada da Prefeitura em ato contra o presidente. Com gritos e cartazes de “Fora, Temer”, parte deles carregava também bandeiras do PSOL.

O presidente Michel Temer em Itu, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) - Divulgação/Prefeitura de Itu - Divulgação/Prefeitura de Itu
O presidente Michel Temer em Itu, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
Imagem: Divulgação/Prefeitura de Itu

Do lado de dentro do auditório onde o empresário recebeu a homenagem, Temer foi saudado aos gritos de "Viva a direita " e "O país está nos trilhos" por parte da plateia --composta, em grande parte, por comissionados da prefeitura e da Câmara de Vereadores.