Topo

Empresário diz que ninguém foi "tão traído e vítima de ciladas" quanto Temer

Temer diz que Brasil tem "tendência ao autoritarismo"

UOL Notícias

Janaina Garcia

Do UOL, em Itu (SP)

15/11/2017 12h03

Amigo pessoal do presidente Michel Temer (PMDB), o empresário José Eduardo Bandeira de Mello disse nesta quarta-feira (15), durante agenda oficial do peemedebista em Itu (interior de São Paulo), que ninguém “foi tão traído e vítima de tantas ciladas quanto o presidente Temer”.

Empresário, Mello recebeu hoje de manhã, na Prefeitura de Itu, o título de Cidadania Ituana, evento para o qual convidou o presidente, de quem foi sócio em escritório de advocacia nos anos 1960.

Leia também:

Temer foi acompanhado do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. No discurso, o presidente afirmou que é preciso “prestigiar” princípios constitucionais a fim de a sociedade “não caminhar para o autoritarismo e para certa centralização”.

O presidente Michel Temer em Itu, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) - Divulgação/Prefeitura de Itu - Divulgação/Prefeitura de Itu
O presidente Michel Temer em Itu, com o governador Geraldo Alckmin (PSDB)
Imagem: Divulgação/Prefeitura de Itu

“Nunca neste país, imitando aquele cidadão: nunca na história deste país alguém foi tão traído e vítima de tantas ciladas quanto o presidente Temer. Perdeu muitas batalhas, venceu a guerra e aqui está, sobranceiro, ao nosso lado”, discursou o homenageado, ironizando expressão usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ex-vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), entidade que liderou o movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), ano passado, Mello se disse “grande admirador” de Temer e o elogiou por medidas que agradaram à classe empresarial, como a PEC do Teto, que limita por 20 anos os gastos públicos ao teto da inflação.

“Foi ele [Temer] que extraiu do Congresso a PEC dos gastos públicos, ele que desmoralizou a tal de nova matriz econômica, de gasto desordenado, com uma PEC que estabelece por 20 anos a ordem nas finanças públicas. Temer fez algo inacreditável, mexeu em vespeiros e marimbondos com venenos poderosos e fez a reforma da Consolidação das Leis Trabalhistas [CLT], essa legislação fascista, cópia da carta de Mussolini”, discursou.

A Carta del Lavoro, do ditador italiano Benito Mussolini (1883-1945), é tida como umas das inspirações da CLT, promulgada em 1943, mas não a única: já havia movimentos consolidados pela regulamentação de direitos mínimos para o trabalhador na Espanha e no México, além de documentos da Igreja Católica sobre as condições dos operários e a fundação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919.

O empresário ainda se referiu ao presidente como alguém que “teve a coragem de liquidar um criador de pelegos, que era o imposto sindical”, e que “recuperou a Petrobras, avançou com as privatizações e pensou e pensa no futuro”. Sobre a baixa popularidade do amigo presidente, foi taxativo: “Ele não está atrás da popularidade, não faz coisas para o aplauso da população. Não faz o que a população quer, mas o que a população precisa”, concluiu.

É a primeira vez que um presidente em exercício visita Itu, conhecida como "cidade dos exageros", por exibir objetos em tamanho gigante especialmente na região central, e também como cidade de importância histórica: é um dos municípios mais antigos do Estado, com 407 anos, e sediou, em 1889, a primeira reunião do movimento republicano, que colocou fim à monarquia.

A última visita oficial de Temer a Itu havia sido em 2013, ainda na condição de vice-presidente, convidado para a inauguração de uma sala com seu nome, na Faditu (Faculdade de Direito de Itu). O peemedebista é professor emérito da instituição, onde lecionou na disciplina de direito constitucional.