"O PSDB não está mais na base de sustentação do governo", diz Padilha
Pela primeira vez desde o início das divergências entre o PSDB e o governo do presidente da República, Michel Temer (PMDB), um integrante do alto escalão confirmou o desembarque do partido da base aliada. Nesta quarta-feira (29), o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que os tucanos não estão mais na base de sustentação. No entanto, ele ressaltou que não há constrangimento em manter os ministros tucanos, se assim o presidente desejar.
“O PSDB não está mais na base de sustentação do governo”, declarou, ao acrescentar que não há constrangimento nem incompatibilidade se Temer decidir manter os ministros citados.
“Essa é uma questão do presidente da República. Ele poderá manter ministros do PSDB. Uma coisa é o ministro de Estado representando o partido. Outra coisa é o presidente e a sua cota pessoal. Se ele resolver manter o quadro do PSDB no ministério, não há incompatibilidade”, falou.
O PSDB conta com 46 deputados federais e 11 senadores e é a terceira maior bancada partidária no Congresso Nacional.
Nesta terça (28), o pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, afirmou que o partido desembarcará da base aliada assim que ele assumir o comando da sigla, previsto para a convenção nacional em 9 de dezembro.
“Eu sempre fui contra participar do governo. Acho que não tinha razão para o PSDB participar, indicar ministro", afirmou Alckmin, em entrevista à Rádio Bandeirantes. Segundo o governador, os demais ministros “terão de sair pelo prazo de desincompatibilização”, embora tenha ressaltado que o PSDB votará “medidas de interesse do País, independentemente de termos cargos, ministérios ou participar do governo".
Atualmente, o PSDB conta com três ministros do partido: Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Direitos Humanos). O ex-ministro tucano das Cidades, Bruno Araújo, pediu demissão em 13 de novembro alegando não ter mais apoio da sigla para continuar no cargo.
Na semana passada, o Planalto chegou a cogitar a saída de Imbassahy para a entrada do deputado Carlos Marun (PMDB-MS) no cargo, mas recuou.
O ministro-chefe da Casa Civil afirmou que “nomear, demitir e indicar ministro” é com o presidente da República e este saberá o momento de fazer possíveis alterações independentemente do posicionamento oficial do PSDB.
Em fala a jornalistas na apresentação de balanço de medidas decorrentes do Conselho Nacional para a Desburocratização, Padilha ainda falou não ver no ministério de Temer “sinais de moléstia” ao citar as operações sofridas pelo próprio e pelo presidente. Ele reconheceu, porém, que governar é “gerir sob tensão permanente”.
Aliança por legado em 2018
Questionado se o governo excluiu em definitivo o PSDB de uma possível aliança com o PMDB para o pleito de 2018, Padilha desconversou, mas lembrou que o presidente nacional da sigla, senador Romero Jucá (RR), já estabeleceu uma condição: defender o legado de Temer.
“Tem que estar alinhado com o que é o governo do presidente Michel Temer. Temos que ter uma candidatura que tenha o legado do Temer", disse.
Ao mesmo tempo, ponderou, Padilha disse não constar “que eles [PSDB] tenham deixado o compromisso” de votar a favor da reforma da Previdência. O ministro afirmou que a matéria é “irreversível” para o Planalto e pretende aprová-la em dois turnos na Câmara ainda este ano.
Quanto a possíveis delações premiadas de presos pela Polícia Federal, como a do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima, Padilha informou não haver preocupação.
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