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Maia não garante data para votar reforma da Previdência: "falta muito voto"

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) - Kleyton Amorim 26.out.2016 /UOL
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) Imagem: Kleyton Amorim 26.out.2016 /UOL

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

30/11/2017 12h19Atualizada em 30/11/2017 12h58

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não quis definir nesta quinta-feira (30) uma data para pautar o projeto de reforma da Previdência para votação na Casa. Segundo Maia, ainda não há votos para aprovar a proposta.

"Não posso dar data porque não tem voto. Só vou marcar data se nós tivermos os votos", afirmou. De acordo com Maia, "falta muito voto" para aprovar a reforma, mas ele não quis citar quantos.

"Como eu não fiz a conta, eu não vou falar números. Agora, você vê o que o líder do PR falou hoje, o líder do PSD... Então você começa a fazer uma projeção do que você está ouvindo dos líderes, você vê que está faltando muito voto para a gente poder aprovar a reforma."

Maia negou que esteja pessimista com a tramitação da reforma, mas sim "realista". Segundo ele, para se chegar aos votos necessários, falta a compreensão de que as mudanças não têm "esse caráter diabólico que alguns querem colocar". O presidente da Câmara disse que a comunicação sobre a reforma foi "mal feita no início, e de alguma forma ela contaminou a votação nesse momento".

"Ela [a proposta de reforma] garante os direitos dos que ganham menos, e esses trabalham muito, e acaba com a distorção dos que ganham mais", disse. "A gente precisa mostrar para o deputado que ninguém está tirando direito de ninguém. Os mais pobres estão preservados, isso é o mais importante. E, se fizermos a reforma, estaremos contribuindo muito para um futuro melhor."

Base desgastada

A reforma da Previdência é um dos principais projetos do governo Temer, mas enfrenta resistência na base devido ao receio de que possa ser impopular entre os eleitores, principalmente entre os deputados que devem disputar cargos nas eleições de 2018. O projeto precisa de 308 votos para ser aprovado.

Segundo Maia, as votações das denúncias contra o presidente Michel Temer (PMDB) desgastaram a base, e por isso há deputados que, mesmo entendendo a importância do tema, não confirmaram como vão votar sobre a Previdência.

Maia citou o resultado da votação na quarta (29) sobre o Repetro, um regime tributário especial para o setor de petróleo e gás, como exemplo da dificuldade de articular a base do governo.

"Você ter ganho de 208 a 184 é uma demonstração de que a base não está articulada da forma como a gente precisa que ela esteja para votar a Reforma da Previdência. O trabalho do presidente [Temer], do articulador político, dos líderes da base, é organizar a base para isso. E o meu trabalho como presidente [da Câmara] é pautar."

O presidente da Câmara não disse se as dificuldades tinham a ver com o PSDB, que sinaliza um desembarque do governo, mas falou que a escolha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para comandar o partido, deve unir a legenda e ajudar na aprovação da reforma.

Segundo Maia, a base do governo vai fazer uma reunião no domingo para "buscar um caminho" para o projeto. O presidente da Câmara afirmou que esta é "a última oportunidade" de fazer uma reforma sem cortar salários e aposentadorias, e falou repetidamente sobre o impacto dos gastos com Previdência nos cofres públicos.

"Se nós não fizermos a Reforma da Previdência, nós estaremos comprometendo o futuro de milhões e milhões de crianças brasileiras, que vão ser prejudicadas, porque toda essa distorção da Previdência tira recursos das funções fundamentais: saúde, educação, segurança. E isso vai sim prejudicar o futuro de milhões de brasileiros", disse Maia.

O presidente da Câmara falou com jornalistas ao sair de um evento fechado do banco de investimentos JPMorgan, em São Paulo, onde também falou sobre a reforma da Previdência.