Operador desmente Cabral e diz que anel comprado por Cavendish foi propina
Carlos Miranda, apontado como operador financeiro do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), afirmou à Justiça, nesta quinta-feira (7), que o anel comprado pelo empreiteiro Fernando Cavendish para a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo foi uma "forma de pagamento de propina". Assim, o réu confirma a versão do empresário e desmente a do ex-chefe do Executivo, que, em depoimento à 7ª Vara Federal Criminal na terça (5), afirmou que a joia era um "presente de puxa-saco".
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"A joia comprada pelo Cavendish foi uma forma de pagamento de propina. O valor do anel foi descontado do valor da propina que o Cavendish pagava para a organização", declarou ele ao juiz Marcelo Bretas, responsável em primeira instância pelas ações penais da Operação Lava Jato no RJ.
Também à Justiça, o próprio Cavendish, que também é réu em processo na 7ª Vara, já havia afirmado que o anel de R$ 840 mil dado a Adriana no aniversário dela, em 2009, tinha um objetivo: quitar a primeira parcela da propina combinada para que a Delta Construções, então chefiada pelo empreiteiro, fizesse parte do consórcio da reforma do Maracanã.
"A relação do Cavendish basicamente era querer agradar ao Cabral. O pagamento dessa joia foi descontado do conjunto de propina. O Cavendish me informou que era para descontar o valor", explicou Miranda, que, de acordo com a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), era responsável pelo recolhimento e gerenciamento do esquema de propina chefiado por Cabral.
Na terça, durante interrogatório, Cabral disse que a joia foi devolvida em 2012 ao amigo Cavendish, a quem chamou de "mentiroso" e "pobre sujeito desesperado". Na visão do ex-governador, o empresário estaria com "medo de voltar para a cadeia" e, por isso, "mudou de versão de acordo com os interesses da acusação". O ex-dono da Delta Construções cumpre atualmente prisão domiciliar.
A audiência desta quinta diz respeito à ação penal derivada da Operação Ratatouille, que revelou a existência de um esquema de cobrança e pagamento de propina em relação a contratos do governo do Estado com fornecedores do setor de alimentos. Além de Cabral, foram denunciados Carlos Miranda, Luiz Carlos Bezerra (operadores financeiros) e o empresário Marco de Luca. O MPF afirma que Luca pagou R$ 16,7 milhões em vantagens ilícitas entre 2007 e 2016.
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