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"Não há hipótese" de desistir de prévias para 2018, diz Arthur Virgílio

O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, durante a 14ª Convenção Nacional do PSDB - Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, durante a 14ª Convenção Nacional do PSDB Imagem: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília*

09/12/2017 11h30Atualizada em 09/12/2017 16h58

Pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, afirmou neste sábado (9) que "não há hipótese" de ele desistir de disputar eleições prévias internas do partido pela indicação da candidatura.

Hoje governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, aparece como nome mais forte para concorrer ao Planalto pelo PSDB. Alckmin foi eleito novo presidente do partido neste sábado.

"Essa é a última chance de salvar esse partido. Se esse partido não mergulhar em si mesmo e não se expuser aos olhos da nação, ele primeiro fica irrelevante e depois ele desaparece", disse Virgílio.

"Essas prévias vão servir para unir o partido", disse o prefeito. A disputa interna através de prévias, segundo o prefeito tucano, pode "oxigenar" o partido. "Nem quero que o Geraldo desista [da candidatura]. Eu quero debater", disse.

Virgílio defendeu que o PSDB não priorize o tempo de televisão ao fechar alianças para a campanha. "O partido está mais desgastado do que o PMDB, porque ninguém nunca esperou nada do PMDB, e se esperava muito do partido [o PSDB]", disse.

Em entrevista ao UOL em outubro, Virgílio disse que "mais que rachado, o PSDB está petrificado". "Mais que rachado, eu vejo o PSDB petrificado. É um partido que ainda vive certos mitos como o de que as denúncias sobre corrupção atingiram os partidos ao redor, mas não ele mesmo. É um partido que não trabalha com ares vitoriosos em relação às eleições", declarou.

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Prévias em março

O prefeito de Manaus disse que fechou na noite de sexta um acordo com Alckmin para a realizar em março as prévias para a escolha do candidato do PSDB à Presidência da República em 2018. O acerto, segundo ele, foi feito após uma reunião tensa com a cúpula tucana no gabinete do senador Roberto Rocha (AC).

"Não vou desistir. Disse isso com clareza na reunião. Estava indo tudo bem na conversa até que chegou o senador Flexa Ribeiro (PA). Fui bastante rígido com ele, que atravessou o samba. Eu disse: "Muito me admira que você, um senador do norte do Brasil, venha me pedir para desistir. O Pará inteiro me apoia", disse Virgílio neste sábado, 9.

Além de Alckmin, também participaram da reunião, que começou às 18h de sexta e entrou pela madrugada, os senadores Tasso Jereissati (CE) e Roberto Rocha (AC). O acordo, porém, foi fechado após Alckmin se reunir em outra sala apenas com Virgílio.

"Acertamos que as prévias serão irrestritas, mas terão uma linha de corte: poderá votar quem tiver pelo menos um ano de partido. Faremos dez comícios cada um nas dez maiores cidades brasileiras. Vamos expor as entranhas do partido", afirmou o prefeito de Manaus.

Virgílio e Alckmin também combinaram de dividir de forma igualitária os recursos do Fundo Partidário para as prévias. "Combinamos que vamos trabalhar no estilo Obama/Hillary. Faremos críticas duras, mas sem ataques pessoais", disse Virgílio.

Ao assumir o comando do PSDB, Alckmin dá um passo na construção de sua possível candidatura à Presidência da República em 2018 -- Virgilio reivindica que o partido faça prévias antes de aclamar o governador paulista.

No comando do partido, Alckmin terá mais espaço para negociar alianças com outras siglas, influenciar os diretórios estaduais, além de ganhar uma maior exposição na mídia.

A escolha de Alckmin para o cargo, que se apresentou como candidato único após acordo que teve a participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, é também uma tentativa de pacificar a divisão aberta com a saída do senador Aécio Neves (PSDB-MG) do comando da legenda.

Pego pelas investigações da delação da JBS, e denunciado por corrupção e obstrução de Justiça, Aécio se licenciou da presidência do partido em maio deste ano e passou o posto interinamente ao senador a Tasso Jereissati (CE). Aécio nega qualquer irregularidade.

Eleições 2018

Pesquisa Datafolha divulgada no dia 2 deste mês apontou Alckmin empatado numericamente em quarto lugar com o ex-governador Ciro Gomes (PDT, 6%) e tecnicamente com o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (sem partido mas cortejado pelo PSB, 5%) e o senador Alvaro Dias (Podemos, 3%). 

Nesse cenário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com 34% e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) fica na segunda posição, com 17%. Marina Silva (Rede) aparece com 9%, mas tecnicamente empatada com Alckmin, Ciro e Barbosa.

A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos. (*Com informações do Estadão Conteúdo)

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