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"Não estamos discutindo alternativa, nosso candidato é o Lula", diz Gleisi

Gleisi veste camiseta com a figura do ex-presidente Lula na cor vermelha, em formato que se assemelha a camisas com a imagem de Che Guevara - Sérgio Silva / Agência PT
Gleisi veste camiseta com a figura do ex-presidente Lula na cor vermelha, em formato que se assemelha a camisas com a imagem de Che Guevara Imagem: Sérgio Silva / Agência PT

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

15/12/2017 14h12Atualizada em 15/12/2017 14h50

A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), reafirmou, nesta sexta-feira (15), que o partido não terá outro candidato para a disputa presidencial de 2018 que seja não o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Não estamos discutindo alternativa. Nosso candidato é o Lula”, disse em reunião do Diretório Nacional do partido, realizado em um hotel no centro da capital paulista.

A reunião, fechada, tem como objetivo defender a posição do partido de que há falhas nos processos na Justiça em que o ex-presidente foi condenado ou ainda é réu, segundo membros do partido.

A imprensa não teve acesso à sala onde acontece a reunião. Segundo participante do evento, Gleisi foi ovacionada após a declaração.

Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff estiveram presentes na reunião.

Na reunião, o ex-presidente repetiu o discurso em Brasília de que não seria candidato caso fosse culpado, mas que não vê provas que o culpem, reafirmando que o processo tem carga política.

Presente na reunião, a advogada Valeska Zanin Martins, que integra a equipe de defensores de Lula, comanda, ao lado de outros advogados, um painel que busca explicar os processos do petista aos membros do partido.

Petistas dizem que o encontro não é para definir questões sobre mobilizações para o dia 24 de janeiro, quando a segunda instância dos processos da Operação Lava irá julgar a apelação de Lula contra a sentença em que o juiz federal Sergio Moro que o condenou a nove anos e seis meses de prisão.

Uma eventual condenação pela segunda instância pode enquadrar Lula na Lei da Ficha Limpa e tirá-lo da disputa eleitoral de 2018.

Para membros do partido, Moro tem perdido apoio e já haveria dúvidas entre membros do Judiciário a respeito do processo. Explicar o processo seria uma forma de conquistar maior apoio a Lula tanto na questão jurídica quanto eleitoral.

Há a expectativa, porém, que, já em janeiro, Lula realize sua quarta caravana em menos de um ano. Desta vez, o destino seria os Estados do Sul do país, começando pelo Rio Grande do Sul.

Petistas, porém, não vinculam a caravana a atos em defesa do petista no dia do julgamento da segunda instância. O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), que julga os recursos da Lava Jato do Paraná, fica em Porto Alegre. “Ainda é muito cedo”, disse um dos líderes do partido.

O ex-presidente é líder em todas as pesquisas de intenção de voto na disputa pelo Planalto.

Segundo lideranças petistas, o PT não considera a possibilidade de um plano B por, além de acreditar na Lula inocência de Lula, não querer “comprar o discurso da oposição”.

No evento, especialistas em direito eleitoral falaram aos petistas que Lula pode ser candidato em qualquer situação mesmo condenado. A explicação é de que o processo eleitoral só começa com registro de candidatura, cujo prazo se encerra em 15 de agosto.

Após a reunião, Gleisi reafirmou a jornalistas que o ex-presidente estará no pleito. “Não há como ser tirado o direito do presidente Lula ser candidato antes do registro de candidatura. Ele é candidato até lá e depois de lá [registro de candidatura].”

“O julgamento [marcado pelo TRF] no dia 24 causou estranheza na nossa militância. E tinha muitas dúvidas quanto a isso. Esclarecer como está o processo, explicar o que significa marcar o julgamento”, disse a presidente do partido ao explicar o motivo da reunião desta sexta-feira.

Gleisi vestia uma camiseta com a figura do ex-presidente Lula na cor vermelha, em um formato que se assemelha a camisas com a imagem de Che Guevara.

Autor de um parecer que aponta a possibilidade de Lula disputar a eleição mesmo se o TRF-4 confirmar a condenação, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira disse que “ninguém tira alguém da disputa antes do registro”. Pereira não tem ligação com o PT e não atua com o ex-presidente. “Não tive esse privilégio ainda.”

Para Pereira, Lula ser eleito com registro indeferido não será algo inédito. “É uma coisa corriqueira na eleição. Depois julga. Aí o Judiciário vai decidir se pode assumir ou não.”