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Alckmin anuncia reajuste de 3,5% para funcionários públicos de SP

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: BOBBY FABISAK/JC IMAGEM/ESTADÃO CONTEÚDO

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

04/01/2018 11h23Atualizada em 04/01/2018 13h28

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (4) reajuste de 3,5% a todas as categorias do funcionalismo público estadual, com índice de reajuste maior às polícias (4%) e aos professores (7%). Só a categoria da educação equivale a um terço dos mais de um milhão de servidores estaduais.

O reajuste, o primeiro do atual mandato, foi anunciado em meio à definição do nome de Alckmin como candidato do PSDB à Presidência e na semana que antecede o aumento nas tarifas do transporte coletivo — de R$ 3,80 para R$ 4 a partir do próximo dia 7.

A medida foi oficializada em projeto de lei encaminhado à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), que retorna aos trabalhos no próximo dia 1º. Independentemente da data em que for votada a matéria, o reajuste será retroativo ao primeiro dia do mês.

De acordo com Alckmin, o reajuste será concedido a servidores das administrações direta e autárquica, ativos, aposentados e pensionistas, “graças a um grande esforço de redução de despesas, custeios, aluguéis e de extinção de fundações e venda de avião e helicóptero” para “poder fazer justiça a nossos servidores”. Ao todo, a medida impactará em R$ 2,644 bilhões as despesas de 2018 e abrange também reajuste de 50%, de R$ 8 a R$ 12, no auxílio-alimentação a servidores que ganham até R$ 3.777 mensais.

Para professor da FGV, medida é "eleitoreira"

Para o professor Rafael Alcadipani, professor de Administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas) e membro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), entretanto, o reajuste geral anunciado pelo tucano “não recompõe as perdas inflacionárias ao longo destes anos” e “só reforça essa maneira eleitoreira de fazer política e de um candidato a presidente”.

“É uma irresponsabilidade monumental tratar os funcionários públicos desta forma, como mero joguete eleitoral, depois de deixar que eles perdessem poder de compra ao longo desses anos todos”, criticou.

Por sua vez, o governo admite a defasagem acumulada, mas argumenta que houve queda real na receita corrente líquida em 2014 (1,4%), 2015 (5%) e 2016 (8%), anos classificados por Alckmin como “período duríssimo”.

O tucano negou que o anúncio seja uma espécie de pacote de bondades ao funcionalismo em função do contexto eleitoral. Durante a entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Alckmin chegou a dizer que “o cenário futuro é melhor”, ao admitir que os índices anunciados não seriam ideais, e citou o escritor espanhol Ortega y  Gasset: “Eu sou eu e a minha circunstância”.

“Não se trata de nenhuma mudança por ser ano eleitoral ou não; isso tem o mesmo vigor de natureza fiscal. Não podíamos dar reajuste com deficit, com queda na arrecadação”, esquivou-se.

Sobre o reajuste das tarifas de transporte, o governador voltou a salientar que o índice aplicado ficou “abaixo da inflação no período” e afirmou, sobre a previsão de protestos chamados pelo MPL (Movimento Passe Livre), que atos do tipo devem ser feitos “com respeito”. “As pessoas têm direito de protestar, desde que não prejudiquem a vida das outras pessoas”, definiu.