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Moro libera acesso a vídeos que mostrariam se amigo de Lula visitou Costamarques

Costamarques é proprietário do apartamento vizinho ao em que vive Lula - Reprodução - 6.set.2017
Costamarques é proprietário do apartamento vizinho ao em que vive Lula Imagem: Reprodução - 6.set.2017

Bernardo Barbosa

Do UOL, em São Paulo

16/01/2018 20h30Atualizada em 16/01/2018 23h33

O juiz Sergio Moro autorizou a defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques, acusado de ser laranja do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em processo da Operação Lava Jato, a ter acesso a imagens de câmeras de segurança do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. O objetivo dos defensores é provar que o advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula, visitou Costamarques quando o engenheiro estava internado no local, em 2015.

Na decisão, tomada nesta terça-feira (15), Moro diz que parece "improvável que a defesa logre realizar a identificação pretendida", mas mesmo assim liberou o acesso a "vídeos eventualmente mantidos quanto a gravações de acesso ao Hospital Sírio Libanês ou ao apartamento ali ocupado por Glaucos da Costamarques entre 23/11/2015 a 29/12/2015."

Segundo o juiz, caberá à própria defesa de Costamarques "obter as cópias ou o acesso a esses vídeos diretamente junto ao Hospital Sírio Libanês", assim como arcar com eventuais custos deste trâmite. Os advogados terão 15 dias para examinar eventuais imagens e deverão informar o resultado da análise a Moro.

O pedido foi feito pelos advogados do engenheiro no começo do mês. Registros de visitas enviadas pelo hospital a Moro não apontam a visita de Teixeira, que também é réu no processo, ao engenheiro. Em manifestação de setembro do ano passado, o hospital já informou que não guarda imagens por mais de 15 dias.

Em depoimento à Justiça, Teixeira disse que não se encontrou com Costamarques no hospital Sírio-Libanês em 2015 e negou ter falado sobre os aluguéis com o engenheiro.

Costamarques, Lula, Teixeira e mais cinco pessoas são rés no processo sobre um esquema de corrupção envolvendo oito contratos entre a Petrobras e a Odebrecht. Segundo a denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal), parte do valor desviado teria sido lavada a partir da compra do apartamento, que, segundo os investigadores, seria de Lula. O engenheiro teria comprado o imóvel como um "laranja". 

Em depoimentos à Justiça, Costamarques disse ter recebido a visita de Teixeira no hospital. Na ocasião, o advogado teria avisado que ele passaria a receber o pagamento do aluguel do apartamento a partir de então. Segundo o engenheiro, ele não recebeu valores pela locação do imóvel, utilizado por Lula, entre 2011 e 2015.

Defesa critica "cruzada" de Moro

Em nota, a defesa do ex-presidente Lula criticou a decisão do juiz Sérgio Moro em acatar o pedido de Costamarques.

"Ao rever posição anterior e autorizar nova diligência dirigida ao Hospital Sírio-Libanês (...) o juiz Sérgio Moro reforça que age em uma verdadeira cruzada contra o ex-Presidente Lula e seus advogados", diz o comunicado.

A defesa lembrou que diferentemente do que houve com o pedido do empresário, algumas demandas de Lula não foram acatadas por Moro.

"As provas requeridas pela defesa de Lula, como a oitiva do ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran, foram negadas sistematicamente pelo mesmo juiz, reforçando o caráter ilegítimo deste e de outros processos, que fazem parte do “lawfare” praticado contra o ex-presidente, que consiste no mal uso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política", diz a nota assinada pelo advogado Cristiano Zanin Martins.

Em paralelo ao andamento deste caso, Lula enfrenta uma etapa decisiva de seus processos na Lava Jato no dia 24, quando será julgado em segunda instância no chamado processo do tríplex. 

Na primeira instância, Moro sentenciou Lula a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Se a condenação for confirmada, o ex-presidente pode ficar inelegível ou até mesmo ser preso. Sua defesa afirma que não há provas dos crimes e que evidências da inocência do petista foram ignoradas.