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José Dirceu se entrega à PF em Brasília

15.nov.2013 - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu se apresenta à sede da Superintendência da Polícia Federal ao ser preso pelo mensalão - Sebastião Moreira/EFE
15.nov.2013 - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu se apresenta à sede da Superintendência da Polícia Federal ao ser preso pelo mensalão Imagem: Sebastião Moreira/EFE

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

18/05/2018 14h40Atualizada em 18/05/2018 17h33

O ex-ministro José Dirceu se entregou à Polícia Federal nesta sexta-feira (18) em Brasília após ter recurso contra a prisão negado no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), abrindo caminho para a execução provisória da pena pela operação Lava Jato. A informação foi confirmada por seu advogado, Roberto Podval.

De acordo com Podval, o petista já passou por exames no IML (Instituto Médico Legal) de Brasília e dirigiu-se ao Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.

A Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal informou que Dirceu está em um dos blocos do Centro de Detenção Provisória. Ele chegou ao local às 14h40.

A ala comporta internos como políticos, ex-policiais, idosos e pessoas com ensino superior. Dirceu ficará em uma cela coletiva de aproximadamente 30 metros quadrados. O espaço tem camas tipo beliche, chuveiro e vaso sanitário.

Como os demais detentos, Dirceu vai ter direito a quatro refeições por dia – café da manhã, almoço, jantar e lanche – e a duas horas de banho de sol.

Esta é a quarta vez que o petista é preso – uma vez no mensalão, em 2013, e outra vez em 2015, já pela Lava Jato. Ele havia sido preso também em 1968 quando líder de movimento estudantil contra a ditadura militar.

A juíza substituta de Sergio Moro, Gabriela Hardt, autorizou que, logo após a prisão, Dirceu seja transferido para o Complexo Médico Penal na região metropolitana de Curitiba, onde estão parte dos presos pela Lava Jato. Segundo apurou o UOL, Dirceu não irá para Curitiba nesta sexta-feira.

Dirceu foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação à organização criminosa pela participação no esquema de corrupção na Petrobras.

O montante desviado por ter chegado a R$ 46 milhões, segundo a Justiça.

Inicialmente, a pena dele era de 20 anos e 10 meses, mas foi aumentada pelo TRF-4 para 30 anos, 9 meses e 10 dias em setembro do ano passado. Na ocasião, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi absolvido.

O ex-ministro da Casa Civil do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou seu apartamento em Brasília por volta das 14h. Ele tinha até as 17h para se entregar, de acordo com a decisão judicial.

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Manifestantes aguardavam a chegada do ex-ministro à Superintendência da PF, mas ele acabou não se entregando lá
Imagem: Luciana Amaral/UOL

Ato de apoio e venda de camisetas

Antes de Dirceu se entregar, um grupo de cerca de 20 pessoas foi à superintendência da Polícia Federal, onde o ex-ministro sequer chegou a ir, para protestar contra sua prisão. Eles vestiam camisetas vermelhas pedindo a libertação de Lula e entoavam palavras de ordem em favor de Dirceu.

No local, o fotógrafo Fernando Assunção aproveitava para vender camisetas com imagens do ex-presidente Lula. Cada uma era vendida a R$ 30, preço de custo, disse, por ser um “soldado de Lula”. Segundo ele, tanto o ex-presidente quanto Dirceu são presos políticos.

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Camisetas com imagens do ex-presidente Lula são vendidas em frente à Superintendência da PF em Brasília
Imagem: Luciana Amaral/UOL

“É o resultado do que está acontecendo no Judiciário. É fruto da classe média. A elite está se manifestando porque não aguentou ver um presidente pobre”, falou. “Estão numa caça às bruxas.”

A aposentada Marlene dos Santos concordou com Assunção e afirmou ser uma “caça aos petistas”. “O PSDB tem todas as evidências de corrupção. Mas não acontece nada. Pode ser ladrão, traficante, que não vai preso.”

Enquanto isso, ao lado do grupo, vários motoristas gritavam “Lula, ladrão” e “pra cadeia!”

Em manifestação recente ao STF (Supremo Tribunal Federal), que negou um recurso do petista, os advogados de Dirceu afirmaram que ele não oferece riscos à sociedade se mantido em liberdade.