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Câmara do Rio rejeita novo pedido de impeachment contra Crivella

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella - Foto:Tomaz Silva/Agência Brasil
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella Imagem: Foto:Tomaz Silva/Agência Brasil

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

20/09/2018 17h43

A Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro rejeitou nesta quinta-feira (20) um novo requerimento de impeachment contra o prefeito da cidade, Marcelo Crivella (PRB). Com um placar de 28 votos contra e 14 a favor, os parlamentares não levaram adiante o procedimento aberto na última terça-feira (18), que pretendia investigar Crivella por improbidade administrativa, depois de a Justiça ter aceito denúncia do MP (Ministério Público) contra ele, na última sexta-feira (14).

Pesa sobre o prefeito a suspeita de favorecimento a integrantes da igreja evangélica, em um episódio que ficou conhecido como "fala com a Márcia", ocorrido em julho. Esta foi a terceira vez neste ano que os vereadores analisaram requerimentos pela saída do prefeito. Para ser levado adiante, a oposição precisava obter maioria simples na votação que contou com 44 presentes (um mínimo de 23 votos).

Em reunião com evangélicos no Palácio da Cidade [uma das residências oficiais da prefeitura], Crivella indicou o nome da assessora Márcia Pereira Nunes como pessoa que facilitaria o acesso de fiéis a cirurgias de catarata na rede pública. O encontro foi revelado pelo jornal "O Globo".

O pedido rejeitado hoje também citava o fato de Crivella estar sendo investigado pelo MP por uma reunião com integrantes da Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana), na qual teria pedido votos para o seu filho, Marcelo Hodge (PRB), que disputa uma vaga no Congresso. Crivella justificou a presença nessa reunião dizendo que estava ali como "cidadão e não como político".

Oposição viu apoio a impeachment minguar

Os 14 votos favoráveis ao andamento do processo de impeachment de Crivella, obtidos nesta quinta-feira, compõem um número menor do que o total de votos obtidos pela oposição em julho, quando o último requerimento pelo impedimento do prefeito havia sido votado. Naquela ocasião, apesar da derrota, 16 vereadores votaram pela saída do prefeito --também com base no episódio conhecido como 'fala com a Márcia'.

Os vereadores Brizolla Neto (PDT) e César Maia (DEM) se abstiveram desta vez. Para o vereador Paulo Pinheiro (PSOL), que votou a favor do pedido de impeachment de Crivella, o resultado é reflexo direto do período eleitoral. "Perdemos mais uma oportunidade de caçar um prefeito que é réu, que é investigado por utilizar a máquina pública. Quem votou favorável a ele precisa se explicar", disse.

Já o vereador Doutor João Ricardo (MDB), que votou contra a saída do prefeito, disse que considerou o requerimento improcedente. "O uso da máquina pública para campanhas tem que ser investigado pela Justiça Eleitoral, não por nós, vereadores. Para mim, fica claro que esse requerimento teve intenções eleitorais", afirmou.

Autor do requerimento é candidato

O autor do pedido de impeachment protocolado na segunda-feira (17) foi o servidor público estadual José Rogério  Bussinger  Namen. Ele é candidato a deputado estadual pelo Avante. José Rogério também ocupou o cargo de subsecretário de Defesa dos Animais, na cidade de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, em 2016.

O fato de ele ser o autor do pedido foi uma manobra da oposição para reunir o maior número de votos em uma votação contra Crivella. "O vereador que, eventualmente, protocolasse o pedido perderia direito ao seu voto, de acordo com a Lei Orgânica da Casa. Dessa forma, foi melhor que um popular protocolasse a ação, endossada pela oposição e tivéssemos o maior número de votos contra ele", explicou o vereador Babá (PSOL), na ocasião da assinatura do requerimento.

"CPI do Crivelinha"

Nesta terça-feira (18), vereadores da oposição protocolaram o pedido de instauração de uma CPI que investiga a reunião na qual Crivella pediu votos para o filho, a servidores municipais, na quadra da escola de samba Estácio de Sá, na quinta-feira passada (13).

"Funcionários da Comlurb foram levados para o local, em veículos públicos, com dinheiro público. Ele segue fazendo campanha e não se intimida com nada", disse a vereadora Teresa Bergher (PSDB), autora do pedido de instalação da CPI.