Topo

Lula diz que "todo mundo é político" na equipe de Jair Bolsonaro

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

14/11/2018 19h49Atualizada em 14/11/2018 21h08

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (14) durante interrogatório à juíza Gabriela Hardt que, com “raríssimas exceções”, “todo mundo é político” na equipe que está sendo montada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), sem citar diretamente o nome do pesselista.

“Não sei se as pessoas estão acompanhando a montagem do governo agora atual, quem é que está sendo colocado. Dá-se a impressão que não tem ninguém político, mas com raríssimas exceções, todo mundo ali é político”, disse Lula.

Veja também:

A declaração foi dada em resposta aos questionamentos sobre como se deu a escolha dos presidentes e dos diretores da Petrobras que ficaram à frente da empresa nos dois mandatos do petista.

Lula afirmou que a nomeação é “como é hoje” e que as indicações dos nomes no seu governo eram feitas pelo “conjunto de forças políticas” que o ajudaram a se eleger. O petista explicou que o nome indicado passava pela Casa Civil e era investigado pelo Gabinete Institucional, “que faz investigação, se tem prontuário, denúncia, se tem qualquer coisa que não signifique boa conduta”, disse. “Quando volta ao presidente, ele encaminha isso ao Conselho [de Administração] da Petrobras, que tem autonomia e autoridade, segundo o decreto, de indicar as pessoas”.

Hardt questionou então se Lula fez indicações baseado em orientações da base partidária aliada, quando Cristiano Zanin Martins, advogado de defesa de Lula, a interrompeu, pede ordem, e disse que a indicação era feita pelo conselho da Petrobras. “Foi isso que o depoente afirmou”

“Essas forças políticas lhe indicaram o nome do Paulo Roberto Costa, do Cerveró, do Duque, o senhor encaminhou para o conselho e eles aprovaram. É isto?”, questionou a juíza. E Lula confirmou.

Hardt insistiu: “o senhor sabia até então que cada diretoria era indicada por um partido?”. Lula voltou a falar que a indicação era feita por “um conjunto de forças políticas que me ajudaram a ganhar. Como é hoje”, disse.

Neste processo, o ex-presidente é acusado de ter recebido propina de aproximadamente R$ 1 milhão por meio de reformas realizadas no sítio pelas empreiteiras Odebrecht, Schahin e OAS em contrapartida a benefícios às empresas em contratos fraudulentos da Petrobras. O MPF (Ministério Público Federal) também atribui a Lula o sítio, cuja propriedade está registrada nos nomes de Fernando Bittar, amigo da família de Lula, e Jonas Suassuna. A defesa do petista nega a relação dele com contratos da estatal e diz que ele não é o dono do sítio.