Ao criticar decisão do STF, E. Bolsonaro cita dado exagerado sobre presos
Gustavo Maia e Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília
19/12/2018 16h41Atualizada em 19/12/2018 17h10
Filho do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) criticou pelo Twitter a liminar (decisão provisória) do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), para soltar presos após condenação em segunda instância.
"Não sei se o Brasil tem noção da real gravidade que essa medida do Min. STF Marco Aurélio pode impactar neste fim de ano. Milhares de presos podem ser soltos e ficarem livres pelo menos até fevereiro! Num ambiente c/ a população desarmada e a polícia desestimulada!", escreveu.
A mensagem acompanhou a reprodução de uma notícia apontando que o Brasil tinha quase 150 mil presos em execução provisória de pena, segundo informou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em agosto.
Não sei se o Brasil tem noção da real gravidade que essa medida do Min.STF Marco Aurélio pode impactar neste fim de ano. Milhares de presos podem ser soltos e ficarem livres pelo menos até fevereiro! Num ambiente c/ a população desarmada e a polícia desestimulada! pic.twitter.com/x0LxEfyI3o
? Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) December 19, 2018
Na verdade, no entanto, o dado de agosto de aproximadamente 148 mil presos em execução provisória engloba também condenados em primeira instância que foram condenados e permaneceram presos por força de prisão preventiva, caso excluído da decisão de Marco Aurélio.
Procurado pela reportagem nesta quarta, o CNJ informou que não teria como separar os dados identificando apenas os afetados pela liminar deferida pelo ministro do STF.
Em outro tuíte, Eduardo disse ainda que o Brasil elegeu "um presidente limpo" --seu pai--, que escolheu para comandar o Ministério da Justiça [e da Segurança Pública] "o juiz símbolo do combate à corrupção" --o agora ex-juiz federal Sergio Moro, responsável pelas Operação Lava Jato no Paraná--, e que no exterior começou se formar uma perspectiva de que o país "pode voltar a ser sério".
"Aí vem uma decisão judicial e põe em xeque toda essa construção! É difícil deixar de ser um anão diplomático!", reclamou.
O parlamentar ainda publicou uma foto de um jovem que teve tatuada a frase "eu sou ladrão e vacilão", por um tatuador e um pedreiro que foram posteriormente condenados à prisão pelos crimes de lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal.
Acompanhando a imagem, ele escreveu uma "lição" para seus mais de 970 mil seguidores: "trabalhe, acorde cedo, se esforce para dar o melhor para sua família, ensine seu filho que o estudo é o caminho certo para ter um vida digna e no final do dia veja uma autoridade da mais alta corte nacional ensinar-lhe tudo ao contrário...". Minutos depois, apagou a foto do tuíte.
Lição de hoje: trabalhe, acorde cedo, se esforce para dar o melhor para a sua família, ensine seu filho que o estudo é o caminho certo para ter um vida digna e no final do dia veja uma autoridade da mais alta corte nacional ensinar-lhe tudo ao contrário... ???
? Eduardo Bolsonaro (@BolsonaroSP) December 19, 2018
"Cabo e soldado"
Pouco depois que a decisão se tornou pública, uma polêmica declaração de Eduardo de julho deste ano voltou à tona nas redes sociais.
Em vídeo que se tornou conhecido a uma semana do segundo turno, o filho de Bolsonaro responde a pergunta sobre uma hipotética possibilidade de ação do Exército em caso de o STF impedir que Bolsonaro assuma a Presidência e diz que, para fechar a Corte, basta mandar "um soldado e um cabo".
No Twitter, a hashtag #UmCaboEumSoldado só perdia para a expressão "Lula" na lista de assuntos mais populares no Brasil na tarde desta quarta.
O perfil "Bolsonéas", seguido pelo perfil oficial do PSL e pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), publicou um meme com Eduardo tranquilizando os seguidores: "já chamei o cabo e o soldado".
Na época em que a frase veio à tona, no entanto, o deputado federal pediu desculpas e seu pai, então candidato à Presidência, disse ter advertido "o garoto".
As declarações feitas em uma aula para concursos públicos em julho provocaram reações no meio jurídico e entre ministros do Supremo. O decano, Celso de Mello, chamou a fala de 'inconsequente e golpista".
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